Capítulo 10

- Nossa! Nem sei o que dizer...Obrigada! – Ele ria, enquanto eu falava.

Ele me encarava e eu retribuía seu olhar, não conseguia desviar, mas Eduarda nos interrompeu, entrando em nosso meio.

- Quelo o algodão rosa! – Ela olhava dele para mim, nos fazendo ri.

- Bora lá comprar! – Luan a pegou no colo e foram rumo ao algodão doce.

Eu, sem saída, segui os dois sorrindo.

- Vamos agora? – Sugeri com cara de cansada, enquanto a pequena comia seu algodão, ainda no colo do Luan.

- Vamos sim. Tá cansada?

- Muito! – Fiz careta e ele riu.

- Eu também. Mas valeu, não foi?

- Tá brincando ? Demais! – Ele pareceu satisfeito com minha resposta.

- E você, princesa? Curtiu nosso dia? – Ela só assentiu com a cabeça. – Tá muito gostoso isso pra falar comigo, não é? – Ela assentiu de novo. Rimos.

Começamos a caminhar para a saída do parque, enquanto comentávamos das coisas que tínhamos passado naquele dia.

Já estava quase anoitecendo e por incrível que pareça, ninguém reconheceu o Luan. Acho que as crianças e os pais estavam tão interessados em se divertirem, que nem queriam saber mais de nada, assim como eu estava, podia aparecer o presidente do Estados Unidos ali na minha frente, que eu nem ligaria, de tão divertido que tinha sido aquele dia.

Falei aquilo para o Luan que gargalhou enquanto andávamos.

- É sério...

- Não tenho filhos, mas hoje sei como é ter um.

- E você gostou?

- Eu amei! Acho que vou arrumar um logo! – Ele olhou para Duda, que nos olhava atenta.

- É a melhor coisa que aconteceu na minha vida! Foi meio conturbado no começo, mas hoje, ela é a minha vida.

 - Eu imagino! – Fomos parado por uma senhora, que vendia trufas na saída do parque.

Abri a bolsa para comprar e ajudar aquela senhora, que sorria simpática, pareciam ótimos os bombons também.

Escolhi um sabor, Luan outro e Eduarda outro.

- Obrigada, viu? Que Deus abençoe você, seu marido e sua filha! – Ela sorriu para nós.

- Mas... – Eu terminaria a fala, se ela já não estivesse longe.

Olhei para Luan, que olhava sorrindo pra mim. Ele não disse nada e continuamos a ir em direção ao carro.

Comemos nossas trufas ainda, antes dele arrancar.

- Vai virar uma bolinha maior ainda, filha? – Eu olhava minha filha toda lambuzada.

- Criança é bom assim! – Luan disse e eu o olhei. – É fofa!

- (risos) Não me preocupo muito porque acho que é fase, acho que ela emagrece por não ter tendência.

- Ainda não conheço o pai dela. – Ele comentou.

- Um dia marcamos e eu te apresento! – Sorri e ele retribuiu.

Chegamos em casa, Luan se despediu da minha filha, que o abraçava sem parar, em forma de agradecimento por aquele dia.

- Eu venho mais vezes para sairmos mais, fechou? – Ela assentiu.

- Vem mesmo?

- Eu venho! – Ele sorriu. – Gostou mesmo do nosso dia?

- Amei! – Ela riu. – É melhor do que passar o dia com o meu pai. – Me espantei com sua resposta. Criança era sempre sincera.

Luan ficou sem jeito e terminou de se despedir dela. O levei até a porta.

- Obrigada pelo dia de novo, nos tirou do tédio e nem preciso agradecer pela minha filha, não é? Já que ela já agradeceu mil vezes. – Rimos.

- Vocês que animaram meu dia! Como eu disse pra ela, prometo que volto!

- Volta mesmo!

- Foi bom conhecer o outro lado da doutora Carolina. – Ele fez graça e eu ri.

- Nossa! Sou tão carrasca assim? – Fiz careta.

- Claro que não! Mas é sempre muito séria, não é muito de brincadeira. Foi bom não te ver só de branco.

- (risos) Mas sou como fui hoje. Desculpe se te passo uma imagem muito ruim...

- Já disse que não! Só gostei de ver seu outro lado, fora do consultório, sem ser seu paciente.

- Eu entendi! Só estou brincando!

- (risos) Tá vendo! Gostei dessa Carol!

- Eu também gostei desse Luan! – Ficamos em um silêncio constrangedor, que eu cortei. – Até a próxima, então?

- Semana que vem, minha consulta, nos veremos lá!

- Não esqueci! – Criei coragem e o abracei, logo senti seus braços me envolverem também.

Na outra semana, na consulta de Luan, ele me convidou para jantar com ele, relutei um pouco, mas aceitei. Foi tudo muito bom, comida boa e papo ótimo.

Ele não tinha tentado mais nada comigo e tinha achado aquilo ótimo, estava gostando da nossa amizade. Confesso que estava pensando demais nele, no dia que sairíamos de novo, eu, ele e Eduarda e fiquei lembrando do que a moça do parque disse, realmente parecíamos uma família.
Logo afastei aqueles pensamentos e eu mesma fiquei sem entender o porque pensava naquilo, mas não podia negar que ele nos fazia bem.

Sempre na sua folga, ia pra minha casa, as vezes almoçávamos fora ou levávamos Eduarda pra passear em algum lugar, ele adorava ver ela feliz e claro, me deixava feliz também.

Em uma segunda feira de folga minha, ele apareceu na minha casa com a proposta de sairmos e claro que eu aceitei e Eduarda vibrou.

Fomos almoçar em um hotel fazenda, um pouco longe da cidade, o lugar tinha um ar puro e uma paz incrível.

- Gostou daqui?

- Eu amei! – Sorri para ele, enquanto comia minha sobremesa.

- Eu descobri pela internet a inauguração hoje e como imaginei, tem pouca gente.

- Ninguém liga de você tá saindo assim sozinho?

- Sou de maior e vacinado! Não tem porque ligarem, sei o que faço.

- Pela sua segurança mesmo...

- Relaxa, Caca! – Ele gargalhou.

- Quantas vezes já falou isso, em?

- Pra você relaxar? Eu falo sempre, porque você tá sempre tensa.

- Aí que você se engana! Não to sempre tensa do seu lado. – Eu falei demais e me arrependi. – Só é...Meu jeito. – Desconversei e ele sorriu.

- E eu adoro esse seu jeitinho. – Vi seus olhos me encarando e seu sorriso gigante, então abaixei a cabeça e olhei pro chão, sorrindo sem jeito.

Voltamos para casa, depois de passearmos pelo lugar e mais uma vez o agradeci por aqueles dias incríveis que ele estava me proporcionando.

- Agora só pensa no Luan e esqueceu as amizades? – Eloá, entrou gritando na minha casa e eu me assustei. – Tava pensando em quê? Se assustou toda. – Ela riu.

- Em nada, qualquer um se assustaria com seu escândalo. – Revirei os olhos.

- Sei! Mas e aí? Tão se entendendo mesmo, não é?

- É...Ele é um bom amigo, adora fazer as vontades da Eduarda, ela ama ele.

- E só por isso você tá feliz assim? Sei!

- Não to “feliz assim”, Eloá! – Fiz careta. – Quem faz bem pra minha filha, faz pra mim também.

- E o que a Duda diz dele?

- Que adora passar o dia com ele e toda vez que ele vem, cobra de sairmos mais e ele sempre cumpri o que promete. – Ri. – Ela chegou a dizer que prefere passar o dia com ele do que com o pai, acredita? – Eloá me olhou assustada.

- Sério? Ela adora o Marcelo!

- Ainda gosta, mas tenho que confessar, o Marcelo não tem paciência de ficar brincando com ela, ainda mais que é menina, e ficar levando no parque.

- (risos) O Luan brinca com ela?

- De tudo! – Ri também. – Acredita que até de Barbie?

- Não imagino ele brincando de Barbie! – Rimos. – O Marcelo que não abre o olho não, que ele perde a filha.

- Tá louca?

- Ué, você mesma disse que o Luan é ótimo pra ela, agora vem aqui sempre, ela é pequena.

- É, mas...Não estou junto com ele e nem nada, não tem porque ele se tornar “pai” da Duda. – Dei de ombros e fiz careta.

- Ainda, não é? Pelo jeito que a coisa anda! – Ela se levantou gargalhando.

- Idiota...

- Tem comida nessa casa, não?

- Só vem aqui pra isso mesmo! – Me levantei e fui até o forno tirar o bolo de cenoura, que estava assando e Eloá fez a calda de chocolate.

Acordei Eduarda que dormia aquela tarde toda e comemos o resto do dia vendo TV.

Mais dois meses tinham se passado, andava tudo normal. Marcelo só tinha ido ver sua filha uma vez naquele tempo, mas eu nem me importava mais, já que ela estava tão entretida com o Luan, sempre perguntando por ele e não mais pelo pai.

- Mãe!

- Oi, meu amor!

- Não quelo mais corta o meu bebelo!

- Ué, por que? A gente ia lá no salão amanhã!

- Quelo ele grandão, mamãe! Igual o seu! – Ela fez seu típico bico e cruzou seus braços.

- Mas criança é mais bonito curtinho, filha!

- Não é, eu quelo ele assim! – Ela protestava e eu suspirei.

Deixaria daquele jeito mesmo. Já estava bem grande e eu já estava imaginando sua fase de adolescente rebelde, que pelo jeito, já logo chegaria.

 Como de costume, no começo da semana, Luan estava na minha casa, mas dessa vez ficamos em casa mesmo.

Fiz um almoço caprichado, enquanto ele brincava com Duda.

- Mãe! – Ela correu pra cozinha onde eu estava e Luan atrás. – Eu bem chamei o Luan pra ir na minha dança.

- Que dança? Ah! Meu Deus! É no final da semana, eu tinha me esquecido dessa festa junina! – Me apavorei e o Luan riu. – O Luan não pode ir, filha. Ele deve ter show no dia e além do mais, ele é famoso pra ficar perto de muito gente estranha. – Eduarda fez um bico enorme, enquanto cruzava seus pequenos braços.

- Não, Carol! Não tenho show no dia, foi cancelado e eu vou sim vê essa princesa dançar!- Seu sorriso logo apareceu e ela correu para lhe abraçar.

- Tá doido? Tem muita gente!

- Não tem problema!

- Luan...O que vão pensar? Se isso cai na internet?

- Eu não ligo. Tem algum problema pra você ? – Ele me perguntou e eu fiquei alguns segundos em silêncio.

Minha filha ficaria tão feliz se ele fosse, ele estava sendo tão importante pra ela.

- Problema nenhum pra mim. – Falei baixo e ele sorriu.

- Então eu vou, Duda!

- Êh! Vou te mostrar como vou dançar, Lu! Ah! Eu não posso, é surpresa! – Ela colocou as mãos na boca e nós rimos.