Capítulo 9

Confesso que meus dias andavam estranhos justamente por causa de Carolina.

Seu rosto, seus olhos azuis, não saiam da minha cabeça. Até sonhava com ela.

Mas ninguém precisava saber que eu estava gostando dela e depois de tudo, acho que nem ela estava levando meu sentimento a sério. Mas eu torcia para aquilo passar logo e não surgir outro sentimento.

*

Estava no consultório, arrumando alguns papeis, quando Fernanda entrou dizendo que alguém estava ali para falar comigo.

- Ué, não tenho mais pacientes hoje... – Estranhei, mas falei para que ela mandasse entrar e assim fez.

A porta abriu e assim que eu vi quem estava ali, me levantei séria e o encarei.

- Oi, Carolina. – Ele me olhava meio sem jeito.

- Luan?

- Queria conversar com você algumas coisas...

- Tipo o que? Pensei que não queria me ver nunca mais.

- Desculpa, vai! – Ele suspirou. – Por tudo que eu te fiz e falei. Eu gosto de você, em ajudou muito.

- Fico feliz que tenha te ajudado com seus problemas...

- E é por isso mesmo que eu to aqui! Minha vida tá confusa demais, quero voltar a me tratar. – Fiquei surpresa.

- Sério?

- É sério, eu quero voltar com as consultas. Você me aceita de volta? – Ele disse de um jeito engraçado, que me fez ri fraco.

- Claro que aceito, Luan! Eu não posso recusar, me formei pra isso, porque amo o que faço, amo ajudar os outros.

- Não guarda mágoa de mim, vai?

- Tudo bem! Não sou disso mesmo. – Sorri fraco.

- Mas tem o gênio difícil. – Ele fez careta.

- Como se você não tivesse! – Gargalhei. – Olha, eu jurei que nunca mais queria ver a sua cara.

- Me desculpa de novo, vai?

- Tudo bem! – Suspirei derrotada. Ele era um cara bacana.

Insistiu tanto, que naquela mesma hora já teve sua primeira consulta e deixou marcado seu dia fixo. Apesar de tudo, eu tinha gostado que ele tinha voltado.

Cheguei em casa e enquanto dava o jantar de Eduarda, falava com Eloá no celular.

- Sério que voltaram as boas?

- Não vale a pena guardar mágoa de ninguém!

- Sei!

- Para de graça, garota!

- (risos) Não disse nada!

- Deixa eu acabar de dar comida a Duda, vai. Vem pra cá que dia?

- Sábado, eu to ai!

- Tudo bem! Beijos!

- Beijos, amiga. – Dormir abraçadinha com a minha filha, naquele dia.

O resto do mês passou tranqüilo e como o prometido, eu não tinha guardado mágoas do Luan e seguíamos normalmente com as consultas e estávamos recomeçando nossa amizade.

Em um domingo, estava em casa a toa com Eduarda. Eloá, tinha ido para casa de seus pais, em Minas Gerais e estávamos sozinhas, torrando de calor.

Escutei a campainha e me levantei, pensando ser Marcelo, o qual eu já tinha discutido por telefone na sexta feira. A desculpa dele era a mesma.

“ Vou ficar essa semana sem ver a Duda, porque vou trabalhar.”

As vezes era verdade, mas as vezes não, eu já o conhecia bem, mas ficava brava por minha filha que morria de saudades do pai e quando isso acontecia, passava o final de semana inteiro perguntando por ele, porque não estava com ela naquele dia.

Todo dia me perguntava se faltava muito para o “final de semana” já que contava os dias para seu pai aparecer e geralmente era no final de semana e quase sempre, ele ligava desmarcando todos os planos que já tinha feito com ela, fazendo a criança ficar deprimida e partir meu coração, fazendo eu brigar com ele também. As vezes adiantava, mas quase sempre não.

- Luan?

- Oi, Carol! – Ele sorriu de canto. Lindo.

- Como soube onde eu moro?

- Ah...Sua secretária me disse. Não briga com ela, eu insisti muito. – Ele disse envergonhado.

- Não, não vou brigar! – Ri fraco.

- Queria te fazer uma surpresa só, achei esse domingo muito entediante... – Ele mexia nos cabelos.

- Ah! Que cabeça a minha! Entra! Te deixei plantado aí. – Rimos. – E realmente esse domingo está péssimo.

- Pra mim também tava...

- Pra você, Luan Santana? Duvido! – Falei brincando e ele gargalhou.

- Eu juro! Também tenho meus dias entediantes, tá? Olha a mocinha linda! – Ele se aproximou da minha filha que o olhou tímida. – Oi Duda! – Beijou seu rosto e ela ficou sem jeito.

- Você lembla de mim?

- (risos) E tem como esquecer essa coisa linda? – Eduarda, colocou as mãozinhas no rosto, tímida, nos fazendo rir. – Me dá um beijo aqui, vai! – Fez o que pediu e ainda o chamou para se sentar ao seu lado, me fazendo sorri.

- Tá com fome? Tava querendo fazer um bolo...

- Proposta tentadora, mas vim aqui justamente pra isso.

- O que?

- Queria convidar vocês pra sair! Bora?

- Sair pra onde, Luan? Você pode andar assim, por aí?

- (risos) Não muito, muié! – Ele fez careta. – Mas já sei o lugar que vamos sem problemas e comeremos por lá mesmo.

- E que lugar é esse? – Ergui uma sobrancelha o olhando, enquanto ele me encarava sorrindo.

- Quem gosta de parque de diversões, aí? – Ele olhou para Duda que levantou as mãozinhas rindo.

- O que? É muito movimentado...

- Relaxa, Carol! É mais tranqüilo!

- Não sei não...

-Quero muito ir, mamãe! – Minha filha fazia bico, enquanto me olhava manhosa.

- Tá bom, então! – Suspirei derrotada e eles comemoram.

Peguei Duda no colo, a vesti primeiro e me arrumei também.

Luan ficou assistindo o desenho que ela via na televisão.

- Nossa! Como estão lindas! – Ele se levantou sorrindo.

- Você também! Não é, mamãe? – Ela me olhou sorrindo e eu fiquei sem jeito.

O olhei e ele também sorria e realmente estava lindo, de bermuda listrada de preto, chinelos de dedo, blusa branca e um boné preto, virado para trás.

Deixava ele ainda mais jovem.

- Está sim! – Respondi tímida, mas logo mudei o assunto. – Vamos?

- Bora! – Ele sorriu e em um ato rápido, pegou Duda no colo, que assim como eu, se assustou.

- Luan, ela é muito pesada. Vai ficar mal acostumada!

- Que nada! Quando eu estiver por perto, ela pode ficar sempre mal acostumada, que eu vou adorar ficar com ela no colo sempre. – Ele riu e eu não protestei mais.

Descemos até seu carro e eu o analisei antes de entrar.

- Uau! Uma Ferrari.

- (risos) Gostou?

- Adorei! Nada discreto você! – Ele gargalhou e colocou Eduarda no banco de trás, antes de abrir a porta pra mim, e dar a volta correndo.

Fomos para o tal parque de diversões, um pouco longe, confesso, mas valeu a pena.

Nos divertimos muito e minha filha então, nem se fala, se lambuzava com porcarias e estava amando ir nos brinquedos. Sua alegria era contagiante, tinha tempos que eu não a levava em um parque daquele jeito.

Demos uma pausa para comer uma maçã do amor e depois fomos todos na roda gigante, mesmo o Luan morrendo de medo.

- Ué, Luan! Eu que era pra tá com medo! – Eu ria, enquanto ele fazia careta.

- Eu tenho medo, muié! – Eduarda gargalhou, nos contagiando. – Ri de mim não, Dudinha!- Ele disse manhoso.

Quando descemos, Eduarda cismou que queria um bichinho de pelúcia, igual de algumas crianças que estavam por ali e lá fomos nós, fazer um tiro ao alvo.

Demorou um pouco, eu tentei várias vezes e nada, já o Luan conseguiu de terceira e ganhou uma flor linda de pelúcia.

- Pra você, Dudinha! – Ele se abaixou, ficando do seu tamanho.

- Como se diz, filha?

- Obligada, Luan! Eu amei! – Ela o pegou de surpresa com um abraço apertado, que logo foi retribuído.

Luan se levantou e comprou mais fichas para continuar atirando.

- Gostou, foi? – Ele só riu e continuou o que fazia.

Na segunda vez, ele acertou e escolheu como prêmio um coração de pelúcia, bem grande.

- E esse é pra você! – Ele me entregou e eu fiquei sem saber o que fazer.

Estão gostando? Já perceberam que a Carol é muito durona, mas quando o Luan fala com jeitinho com ela, ela aceita tudo ? :x Vamos ver o que vai acontecer, né kkk

Beijos e até a próxima, meus amores!