Capítulo 8

- Bom, sei que  você não vai querer ele mesmo, já que não faz o seu tipo.

- Por um acaso você sabe qual tipo de homem faz o meu tipo, Marcelo? – Cruzei os braços, enquanto lhe olhava.

- Claro! Tipo eu! – Ele gargalhou e eu revirei os olhos.

- Ah claro...

- Admite, Carol!

- Iludido! – Rimos.

*

- Isso tudo é raiva da psicóloga gostosa, Luan?

- O que?

- Você sabe...Pensei que ia falar dela hoje na entrevista. Você mesmo disse que ela te ajudou demais a superar seus pesadelos e mais um monte de coisas.

- É...Não posso negar! Ela me ajudou muito, mas é muito arrogante. Pra aprender!

- Ela deve tá com raiva.

- Que se dane ela! – Dei de ombros e Rober riu.

Voltei pra casa naquele dia e ficaria até no final da outra semana, já que tinha tirado umas folgas de shows.

Na quinta feira, Rober e o pessoal da minha produção me chamaram para uma balada e como já estava a dias em casa, sem fazer nada, aceitei e minha irmã foi junto com algumas amigas também.

Assim que chegamos, logo avistei Carolina de longe, com sua amiga de sempre e mais um homem. “ Será que ela já estava namorando? Pra quem não queria compromisso sério.”

Tirei aqueles pensamentos da cabeça, eu não tinha que ficar pensando nada sobre aquela ignorante.

Fui ao bar, junto de Bruna e Rober para pegarmos mais bebidas e na volta, trombei com alguém.

- Desculpa, moça!

-Tinha que ser você! – Ela se virou e eu me assustei, por ser Carolina.

- Foi sem querer! – Eu disse sério e ela revirou os olhos.

- Olha por onde anda.

- Já pedi desculpas, sua grossa! Não te deram educação, não? – Minha irmã e Rober se espantaram com minha resposta e Carolina fechou a cara.

- Me deram sim, mas sabe o que é ? Só uso com quem merece! – Ela jogou seu copo cheio de vodka na minha blusa branca e riu irônica pra mim.

- Olha o que você fez!

- (risos) Eu to olhando! Ops!

- Sua... – Eu rosnei e lhe olhei furioso, enquanto ela saia e o homem que estava com ela, gargalhava. – E você ? Tá rindo de quê, idiota? – Eu gritei para que ele ouvisse.

- Desculpa aí, cantor! – Ele levantou os braços e saiu andando.

Saí empurrando todo mundo que via pela frente os dois que estavam comigo, corriam atrás de mim, me gritando.

- Luan! Você vai a onde?

- Vou pra casa, Bruna! Já deu por hoje! – Eu falava estressado.

- Deixa isso pra lá...

- Não! Essa mulher estragou minha noite!

- Eu vou com você, Luan! – Rober disse.

- E eu vou depois, tá? – Bruna disse e eu assenti.

Me deu um beijo no rosto e acenou para o Rober, antes de voltar para onde estávamos.

- Ela exagerou, né?

- Exagerou, testa? Eu to odiando essa mulher... – Ele riu do meu lado e eu bufei.

*

Nem eu estava acreditando no que tinha feito com Luan, mas ele me irritava tanto, de um jeito que ninguém mais no mundo me irritava.

- O que foi aquilo, amiga? – Eloá, falava enquanto voltávamos para casa.

- Nem eu sei...Ele me tirou do sério!

- Eu achei engraçado! – Marcelo ria do meu lado e eu revirei os olhos.

- Idiota!

- Você não fez aquilo por ciúmes não, foi?

- O que? – Me virei para olhá-la no banco de trás.

- Depois que você viu aquela menina loira abraçar ele, quando chegaram, fechou a cara.

- Me poupe, Eloá! Até parece! O que eu tenho com esse garoto? Você sabe que eu já não estava muito boa com ele e já não é de hoje. Não me tira do sério você também! – Disparei a falar.

- Foi mal, então...Só pensei!

- Pensou errado! – Ela não disse mais nada e assim fomos até em casa.

Dessa vez Eloá foi pra casa e Marcelo também.

Passei no quarto de Duda, que dormia, e Suzi, estava no quarto de hóspedes.

No outro dia, minha amiga foi para minha casa, assim que voltei da clínica e mais uma vez me enchia falando o nome daquele cantor.

- Não quero mais ouvir, Eloá! Que saco! – Eu dizia irritada, enquanto fazia um suco.

- Calma! – Ela ria. – E ah! Sabe a menina loira de ontem? Eu pesquisei aqui e é irmã dele!

No escuro não deu pra ver, mas pela foto parece mesmo.

- Já disse que não quero saber mais nada sobre ele!

- Estressadinha! – Ela me mostrou a língua.

*

- Quem era aquela que te molhou ontem, Luan?

- Não quero lembrar disso, Bruna!

- Nossa, perguntei porque pensei que estava mais calmo.

- Só de lembrar dela de novo, eu me irrito!

- Quem te jogou bebida, filho? – Minha mãe perguntava.

Almoçávamos todos na mesa.

- Ninguém, mãe! Só uma idiota, grossa que eu conheci!

- Ah... – Ela viu que eu não queria tocar no assunto e não insistiu. – E quando vai voltar pra psicóloga? – Suspirei.

- Então, mãe! Não volto mais, tô bem melhor! – Sorri pra ela.

- Não tem mais pesadelos?

- Nenhum!

- Que ótimo, então! Tem certeza disso, não é? Eu gostei muito da psicóloga que fomos.

- Aham! – Eu assenti, enquanto comia.

Voltei para minha rotina de shows e quase todos os dias eu escutava dos meus amigos que eu estava cada dia mais diferente e não estava mais dando pra negar.

- Você quer que eu veja outra psicóloga pra você? – Rober perguntava.

Estávamos no meu quarto, eu ele, Well e os meninos da banda. Conversávamos, bebíamos e comiámos. Diziam eles que já que eu não saia a “festa” seria ali menos no meu quarto.

- Claro que não! Tudo agora é psicóloga pra vocês! – Bufei irritado e ele ficou calado. – Desculpa, vai! Mas não é nada disso. – Me desculpei suspirando por ter sido tão grosso com ele.

- É o que então?

- Nada demais... – Eu desconversei, enquanto lotava a boca de amendoim, pra não ter que responder mais nada.

- Sei... – Eles mudaram o assunto.

As vezes eu prestava a atenção, ria das coisas, mas as vezes estava no mundo da lua.

- Que mulher boa aquela... – Só escutei a última frase do Marreta e ri junto com os outros.

- Que tal uma aposta? – Eles propuseram.

- Hã? Como assim?

- Bora fazer a aposta com você, já que anda tão pra baixo. – Rober disse e parou pra pensar um pouco. – Eu aposto que você não consegue dar nenhum selinho naquela psicóloga gata. –Eles gargalharam e eu os olhava sem entender.

- Vocês querem que...

- Não queremos nada. – Juliano me cortou. – A gente aposta cem reais, que você não consegue amansar a fera, porque é cada história que me contam... – Eles riram de novo.

- Roberval, fofoqueiro! – Revirei os olhos. – Não sei...

- Vai dar pra trás? É só uma brincadeira!

- Tá bom! Eu aposto que dou um beijo de cinema e calo aquela boca dela! – Gargalhamos.