Capítulo 20

Vi Luan se aproximando de onde eu estava sentada e ficou no meio das minhas pernas. Deu impulso com suas mãos na borda da piscina e ficou apoiado em seus cotovelos, com um braço de cada lado das minhas pernas. E eu fiz o que eu queria naquele momento.

Aproximei meu rosto do seu e o peguei com as minhas mãos, juntando nossos lábios em seguida. Coloquei uma mão em sua nuca e o vi se arrepiar.

Luan voltou todo para dentro da piscina e me levou junto com ele, me prensando contra a borda e seu corpo, completamente quente.

O beijo foi acelerando, ficando mais gostoso e ele, ficando com mais pegada. Dei graças a Deus quando nosso fôlego acabou, Luan já estava com a mão nas minhas costas, por dentro da minha blusa, enquanto acariciava aquele local.

Nos separamos e ele desviou seu olhar do meu, as vezes sem jeito, envergonhado ou com medo de ter estragado tudo entre a gente de novo.

- Descu...

- Tudo bem! – Eu sussurrei o interrompendo e ele me olhou. Sorri fraco.

- Você... – Ele parou de falar e me encarou.

- Eu quis isso! – Fechei os olhos e suspirei. – Mas eu queria muito não fazer isso de novo. Eu vou ser sincera com você! Eu gosto da sua amizade, de você como amigo, de você fazendo a Duda feliz. Mas não tem nem atração entre nós, entende?

- Só do seu lado, não é? – Ainda continuávamos colados.

- É sério...

- Então porque me beijou?

- Porque...Eu gosto de te beijar. Não sei! – Dei de ombros e me senti a pessoa mais confusa do mundo, o que não era nenhuma mentira.

- Você não quer tentar nada mesmo? Ainda tem raiva de mim?

- Não tenho raiva de você, não...Bem que eu queria! Mas não consigo. – Ri franco e ele sorriu.

- Deixa rolar, então? – Ele sussurrou enquanto colava sua testa na minha e segurava minha nuca com as duas mãos.

- Luan...É sério!

- Carol...Eu gosto muito de você e vivo te dizendo isso.  Acredita em mim!

- Eu acredito, tá bom? – Ele afastou minimamente do meu rosto, para me olhar melhor. – Mas eu não quero te iludir nem nada, porque eu não gosto de você a esse ponto.

- Eu não ligo! Só queria poder te beijar. – Suspirei.

- É melhor irmos dormir. – Desconversei.

- Tudo bem! Mas promete pra mim uma coisa?

- O que?

- Quando der vontade de me beijar, é só fazer! – Ele sorriu e eu não consegui segurar, dando risada daquilo também.

Ia me afastar para sair da piscina, quando ele me puxou de novo e me deu um beijo breve, mas gostoso.

Pegamos duas toalhas limpas que ficavam em um armário ali do hotel, para quem não tinha toalha mesmo, e fomos até o elevador.

Ele me levou até a porta do quarto e nós nos despedimos com um selinho.

Fui a última a acordar no outro dia e Eloá me encarava o dia todo com um olhar de que queria saber tudo que tinh acontecido entre eu e Luan no dia anterior, mas claro que não falava nada perto da Lara, sabia que eu não queria.

Fomos para praia e assim que as meninas foram brincar na areia, um pouco a nossa frente, ela não perdeu tempo.

- Me conta tudo...

- Não tenho nada pra contar!

- Mentirosa! – Fiz careta e ela riu. – Vocês tão ficando? – Arregalei os olhos.

- Tá louca? Eu não sinto nada muito além por ele, se não, daria uma chance. Satisfeita?

- Tô! E tenho certeza também que ainda irá sentir. – Me calei.

Me assustei com uma mão no meu ombro e escutei a risada alta de Luan. Ele se sentou do meu lado na mesa.

- E aí, Eloá! – Ele dizia rindo. – Seu nome é legal de falar! – Ele pegou um copo de plástico que sobrava na mesa e colocou um pouco da água de coco, que pedimos para colocar em uma garrafa.

- E você é idiota, demais! Criança! – Ele fingiu a olhar indignado e riram.

- Acordou de mau humor, Carol?

- Que nada! – Sorri. – To de boa, hoje! – Ri.

As meninas se aproximaram e claro, que passavam quase o tempo todo “disputando” a atenção de Luan, o que nos fazia rir.

- Descobri uma praia linda aqui perto. – Luan disse.

- Qual? – Perguntei.

- Eu tenho que olhar o nome no celular, mas eu vi as fotos. Coisa mais linda. Tem restaurantes por lá, lojas, achei legal. – Ele deu de ombros.

- Borá lá ? – Eloá sugeriu.

- Vamos! – Fui a primeira a levantar e logo eles também.

Pagamos a conta ali e chamamos um táxi, para irmos até a tal praia, que Luan já tinha dito o nome ao motorista. No caminho, ele ligou para sua mãe, avisando aonde estava.

Assim que chegamos, ficamos encantados por tudo ali, era muito lindo mesmo o lugar.

Passeamos, comemos e na hora de ir embora, compraríamos algumas coisas.

- Olha! Vamos alugar? – Luan apontava para uma placa que dizia alugar iate, lá falava o preço das voltas, os horários. Fiquei meio em dúvida, mas todos queriam e eu aceitei.

O passeio foi incrível e fomos até uma outra pequena “ilha” que tinha ali perto. Eu não conhecia, mas parecia um ponto turístico bem conhecido, já que tinha bastante gente e uma coisa me chamou a atenção, a maioria eram casais e o resto, famílias.

- To me sentindo indiferente no meio desse monte de famílias. – Brinquei eles riram.

- Vamos fazer fingir então, a Lara e a Duda são suas filhas com o Luan e eu sou a babá delas. – Ignorei o comentário da minha amiga, mas Luan e Lara gargalharam.

Vimos de longe um casal de senhores que vendiam algo e muita gente comprava, então resolvemos nos aproximar.

- ¿Son galletas de la fortuna. Cada mensaje tiene un interior. Va a querer?– A senhora simpática, me dizia.

- Biscoitos da sorte com mensagens? Vamos sim! – Sorri para ela.

Pedimos cinco biscoitos mas ela me olhou estranho.

- Es sólo para la pareja. Los niños no necesitan y la chica sola, sólo para volver con un novio.– Eloá riu assentindo e eu fiquei sem jeito, por ela ter dito que só eu e Luan, o casal, que poderíamos pegar. As crianças não precisavam e Eloá era só voltar lá com um namorado, mas depois de ver o Luan pegando, eu também peguei.

Saímos andando, depois de Luan insistir e pagar os biscoitos.

- “Tudo que você precisa está do seu lado!” – Luan leu erguendo uma sobrancelha, me olhando em seguida.

- E o seu, amiga?

- “ As vezes a felicidade está mais próxima do que imagina. Não seja dura!” – Não comentei aquilo e continuamos a andar, enquanto Eloá e Lara suspiravam por nossas mensagens.

- Luan tá bom no espanhol. – Ela comentou descontraída, ele riu.

Voltamos para o hotel bem cansados e Eduarda já quase dormia no colo do Luan, que a colocou na cama com todo cuidado e se despediu de nós.

O telefone do nosso quarto só dava ocupado pra recepção, então decidi descer e eu mesma fazer um pedido de comidas para o nosso quarto, já que todos queriam comer.

A moça me informou que demoraria um pouco pelo hotel está lotado e eu disse que não tinha problema. Fui esperar sentada em uma espreguiçadeira, um pouco antes da piscina do hotel.

- Tá esperando alguma coisa também? – Me assustei e Luan riu.

- Quase me matou...

- Tava pensando em quê? – Ele se sentou do meu lado e eu o olhei, mas não respondi.

- Nem eu sei... – Suspirei.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, mas ele pegou na minha mão e a abriu, já que estava fechada. Lá estava a mensagem que tínhamos ganhado na pequena praia.

Olhei para o seu rosto, enquanto ele ainda tinha sua mão na minha e ele logo me encarou também, me fazendo ficar sem jeito.

- Tá pensando que essa mensagem pode estar certa? – Ele riu fraco.

- Não sei se está... – Foi a única coisa que eu disse.

Ele me pegou de surpresa com um beijo, que eu não recusei, nem me afastei, nem bati nele, pelo contrário, eu já estava sentindo falta do gosto de sua boca. Sorriu, assim que desgrudamos nossos lábios e saiu dali, me deixando confusa.

Subi para o quarto com as coisas e comi calada, enquanto as meninas comentavam o tão incrível tinha sido nosso dia e Eduarda ainda dormia cansada, espalhada pela cama.

- E esses biscoitos da sorte? – Minha prima comentou e eu a olhei, enquanto ainda comia calada. – Quando eu tiver um namorado eu volto lá com ele e compro um. – Ela riu e Eloá acompanhou. – Cara, imagina minha prima e o Luan? Que sonho o Luan sendo meu primo! – Quase me engasguei com a comida, mas nada disse.

Estava tão na cara assim que a gente já tinha ficado algumas vezes, que ele insistia?

Ou que rolava mesmo uma química e atração entre a gente?

Nunca comi um biscoito que me deixou tão confusa na vida.

Confesso que eu podia até já estar sentindo uma atração por ele, mas amor? Acho que não! Mas aquilo me espantava e eu ficava me perguntando se em alguns dias de nada, eu já estava sentindo atração por ele, imagina se convivermos sempre? Eu ia ficar louca.

Ou então, essa “atração” já vinha crescendo dentro de mim a algum tempo e a cabeça era tão dura, que eu mesma me enganava.

Acho que se a mensagem do biscoito não tinha razão em tudo, em grande parte ela estava certa. Eu realmente estava sendo muito dura, mas eu também tinha medo, trauma do que tinha acontecido comigo e Marcelo e no final, uma criança sofria com a ausência do pai.