Capítulo 144

No outro dia, o show do Luan foi cancelado, então depois de uma entrevista para uma rádio ás duas horas da tarde, nós fomos embora para casa, já que no outro dia o show seria em Marília – SP, bem perto de casa.

- Ah, e Eduarda. Você tá sem piscina por duas semanas e me dá esse celular que tá confiscado por tempo indeterminado. – Luan lembrou do castigo de Eduarda, assim que chegamos em casa.

- O que? – Ela quase gritou.

- Anda, você já ouviu!

 - Por que isso, pai? Que droga!

- Você sabe muito bem porque, agora me dá esse celular logo.

- Eu não vou dar...Que saco!

- Agora! Eu não vou falar de novo. – Luan aumentou a voz e os olhos de Eduarda se encheram de lágrimas. Ele não costumava a falar assim com ela.

Entregou o celular a Luan, já chorando e saiu correndo pro quarto. Puxei Enzo e Luan pra cozinha, onde tinha um bolo de chocolate pronto e nos sentamos ali para comer.

- Depois você leva um pedaço pra Eduarda, Suzi. Mas se ela não quiser, não insisti, deixa lá em cima que depois ela come. – Suzi assentiu.

Os dias foram se passando e depois de uma semana, que Eduarda resolveu ir pedir desculpas ao Luan e os dois voltaram às boas. Ele liberou a piscina pra ela ir, mas o celular não devolveu.

( 4 anos depois)

Era uma segunda feira, eu tinha ido trabalhar mas comecei a passar mal no meio da tarde e não teve jeito, eu tive que voltar para casa e ver se passava, do contrário teria que ir mesmo a um hospital, como a minha secretária insistia no consultório.

Tomei um banho, coloquei um pijama de frio e me joguei na cama, me cobrindo com o ar condicionado. Acordei e quando me vi no espelho, quase gritei, o meu rosto estava todo inchado, então olhei o relógio e me assustei com o horário. Já estava de noite, oito horas da noite. Logo lembrei dos meus filhos e desci as escadas correndo, até esquecendo que ainda estava de pijama.

- Ah meu Deus, vocês estão aqui! – Respirei aliviada, com a mão no coração, assim que vi eles na sala, brincando no chão.

- Você esqueceu a gente, não é, mãe?

- Desculpa, filha eu dormi demais! – Fiz careta. – Mas como vocês vieram?

- A Suzi passou na escola e trouxe a gente. Ela disse no caminho que tinha vindo até o quarto te falar que já estava indo embora e viu que você dormia profundamente e já estava quase na hora da gente sair da escola, então ela mesma foi e quando chegamos, meu pai já estava aqui, então ela foi embora.

- Seu pai?

- Oi, amor! – Luan me deu um susto e riu em seguida, antes de selar nossos lábios.

- Que susto, Luan! Eu nem sabia o dia que ia chegar.

- Tá corrido mesmo, não tinha dia, mas resolvemos tudo e deu pra eu vir hoje.

- Ah...

- Agora me conta por que a senhora estava dormindo em pleno horário de trabalho? – Ele brincou e nós nos sentamos no sofá.

- (risos) Eu me senti um pouco mal e vim pra casa.

- Se sentiu mal? O que você tem?

- Calma, amor. Acordei nova em folha! – Sorri. – Foi só um mal estar, que eu tive que vir pra casa descansar.

- Olha lá, em...

- O que vamos comer, em? – Mudei de assunto.

- Pedi pizza.

- Só os gatos dormirem, que os ratos fazem a festa. – Ele gargalhou e me abraçou de lado. – Só vou deixar porque não tem comida pronta e eu não quero fazer. – A pizza chegou rápido e nós comemos tudo, eu então, mais que nunca, fazendo Luan ficar de graça o tempo inteiro por isso.

No outro dia, eu acordei indisposta de novo e dessa vez, o Luan que não deixou eu ir trabalhar. Ele levou as crianças na escola e depois passou no consultório avisando que eu estava passando mal de novo. Eu tinha conseguido pegar no sono novamente, mas assim que ele entrou no quarto, eu acordei com uma ânsia e fui para o banheiro colocar tudo pra fora. Na mesma hora Luan me levou para o hospital.

O meu médico me examinou e apenas pediu um exame de sangue, que sairia em uma hora, então enquanto isso, fomos dar uma volta pelo shopping que tinha ali perto.

Algumas pessoas reconheceram o Luan e na hora pediram fotos, e todos os pedidos foram atendidos, como sempre.

Assim que voltamos, a secretária já nos avisou que poderíamos entrar na sala do médico, que ele já tinha visto meu exame.

- E aí, doutor? – Eu perguntei, antes mesmo de me sentar e ele sorriu pra mim.

- Eu já desconfiava, pedi esse exame pra confirmar e não outra.

- O que eu tenho?

- Você está grávida, Carolina.

- Hã? Grávida?

- É...Agora você vai pra ginecologista, já sabe de tudo, não é? Já passou por isso duas vezes, nem preciso explicar. – Ele brincou.

Saí dali com a cabeça nas nuvens e só então no carro, que eu fui olhar o rosto do Luan.

- Por que tá me olhando desse jeito? – Ele disse rindo.

- Amor, o que você achou disso?

- De você está grávida? – Assenti. – Eu achei... – Ele fez uma pausa dramática. – Achei ótimo! – Sorriu e eu respirei aliviada.

- Eu ainda não acredito...Ai meu Deus! Mais um! – Ele riu e selou nossos lábios, assim que parou em um sinal.

- Vai dar tudo certo de novo, amor. Fica tranqüila!

Assim que chegamos em casa, fomos almoçar e nos deitamos no sofá. Eu já estava morrendo de sono, como de costume e agora a luta de gestante começaria de novo. Teria que marca consulta, começar pré natal, ver se ajeitaríamos um quarto de hospedes para o bebê ou não, comprar roupinhas, fraudas. Eu já estava enlouquecendo, antes mesmo da minha barriga ficar dura.

Assim que as crianças chegaram, estranharam mais uma vez por eu não ter ido buscá-los de novo e Luan me olhou assentindo, para que eu contasse a eles a novidade.

- É que a mamãe foi no médico, amores.

- Mas o que a senhora tem, mãe? – Eduarda me olhou preocupada e eu sorri.

- Fica tranqüila, filha...Olha, eu fui no médico e queria contar uma coisa pra vocês. – Eu mordi o canto do lábio inferior, enquanto eles me olhavam atentos.

- Pode dizer, mãe...

- Vocês vão ganhar um irmãozinho! – Eu sorri e o primeiro a me abraçar, foi Enzo.

- É menino, mãe?

- (risos) Eu ainda não sei, meu amor. Mas logo logo a gente vai saber. Gostou da novidade?

- Gostei.

- E você, Duda?

- Ah, mãe! Sei lá, mais uma criança? – Olhei para Luan.

- Filha, não precisa ficar com ciúmes dos seus irmãos, a gente ama todo mundo igual. – Luan disse.

- Eu sei, pai, mas...Deixa, vocês não vão me entender. Agora já era, não é?

- Duda, tenta ficar feliz pelo seu irmãozinho, vai! – Luan sorria, insistindo.

- Ai, pai. Feliz eu não to! Mas eu vou aceitar.

- Mas por que isso, filha?

- A verdade é que eu queria ser filha única, mas vocês não param de arrumar filho.

- Eduarda, para com isso! Você tem o Enzo mas nunca tem que dividir nada com ele, sempre tem tudo que quer, tudo de vocês é separado. Qual o mal de ter um irmão?

- Tá, eu já me acostumei de ter um irmão...Mas agora dois, mãe? – Ela ergueu os dedos, fazendo careta.

- Duda, eu não quero que fique triste porque vai ganhar outro irmão, pelo contrário. Vai ter mais um bebê pra alegrar essa casa. A sua vida, a vida do Enzo não vai mudar em nada, só que agora vai ser outra criança. Não foi nada planejado, mas a gente gostou da notícia, o seu irmão gostou. Faz esse esforço pela gente? Você anda tão rebelde, Duda e eu faço de tudo, juro, eu faço de tudo pra não brigar com você, pra não te por de castigo, nem tomar seu celular, mas tá muito difícil! Você é difícil. – Luan disse tudo e suspirou no final.

- Tá, pai. Eu me rendo...É isso tudo aí mesmo que você falou. Me perdoa? – Ela a olhou de baixo dos cílios e Luan sorriu.

- Claro que sim! – Eduarda se levantou de onde estava e se sentou no seu colo, o abraçando. – Tá pensando que eu esqueci da sua festa de 15 anos? Eu sei que você quer muito e você vai ter, com tudo que tem direito. É só anotar que o papai faz.

- Tá vendo como esse pai é bom. – Eu disse rindo e ela concordou, beijando a sua bochecha.

- É, pai, eu tenho que concordar. O que você tem de lindo, tem de bom! – Ele gargalhou. – Mas será que com três filhos essa memória ainda vai ser boa? Lembrar o que cada um quer, o dia do aniversário.

 - (risos) Claro que sim, filha. Olha, eu amo vocês e nada relacionado a vocês eu me esqueço.

- É, ele se esquece até de mim, mas de vocês não! – Eu disse e Luan riu.