Capítulo 153

Eu estava chegando em casa do trabalho, quando avistei Eloá do outro lado da rua. Ainda não nos falávamos e ninguém imagina o que aquilo estava sendo pra mim, mesmo não sendo tão grudadas como antes, quando solteiras, ainda sim ela era minha melhor amiga e nunca deixaria de ser. Encarei o chão, suspirando e voltei a lhe olhar, enquanto ela atravessava a rua, mexendo no celular e de longe, eu vi um carro em alta velocidade indo em sua direção. Sem pensar duas vezes, eu corri até ela e lhe empurrei, segundos antes do carro passar por nós ventando.

- Você tá bem? – Eu perguntei me levantando, já que com impulso, tínhamos caído.

- To...- Ela parecia assustada. – Obrigada por me salvar, Carol.

- Não foi nada, você sabe que sempre vai ser minha melhor amiga, independente de qualquer coisa. – Sorri fraco e ela fez o mesmo, se levantando também.

- Olha, eu senti muito a sua falta nesse tempo todo.

- E eu também, você não sabe o quanto.

- Eu...Fiquei muito chateada com tudo. Não sei se sabe, mas me separei do Rafael a tempos.

- Eu não sabia...Sinto muito.

- Confesso que ele me falou que vocês não ficaram e que foi ele que se declarou, mas eu estava muito magoada.

- Eu te entendo. Me desculpa?

- Você que tem que me desculpar. –Eu sorri e ela me abraçou.

- Ai, amiga! Eu senti demais a sua falta. – Quase chorei em seu ombro.

- Eu também, Carol. Me perdoa por ser tão idiota!

- Você não é idiota! Eu te amo, tá?

- (risos) Eu também, amiga!

- Você tá se reconciliando com o Miguel?

- De jeito nenhum, o que ele fez comigo eu não perdôo.

- E você e o Luan?

- Nada ainda também...Na verdade, eu já desisti dele.

- Vai me dizer que tá em outra.

- Não... – Eu ri. – De jeito nenhum! O Luan é o homem da minha vida, eu não pretendo ficar com mais ninguém, mesmo que nunca mais a gente volte.

- Não fala besteira, Carol! Você é linda e se o Luan não quiser mais, tem muita gente que quer e você vai seguir o seu caminho. – Sorri fraco.

- Vamos lá em casa?

- Agora eu to indo buscar a Ivi, que está com o Miguel.

- Então vão jantar lá? A Suzi tá fazendo uma comida ótima.

- Pode deixar, amiga! – Nos abraçamos e eu atravessei a rua, de volta pra minha casa.

Confesso que meia tonelada tinha saído das minhas costas, com a reconciliação com Eloá. Ela era muito importante na minha vida.

- O que foi, mãe? – Eduarda perguntou, assim que entrei em casa.

- O que foi, o que?

- Você está sorrindo diferente. – Eu ri.

- Eu fiz as pazes com a Eloá, não sabe como isso me deixou melhor.

- Ah, que bom, mãe! Eu não queria mesmo vocês brigadas e só de te ver sorrindo assim, mesmo que seja por pouco tempo, já está ótimo! – Sorri e beijei seu rosto.

- Vou tomar um banho, a Eloá vem jantar aqui com a Ivi.

- Tá bom!

- Você já tomou o seu?

- Já sim e vou dar um banho no Breno.

- Cadê o Enzo?

- Está dormindo. – Assenti e fui para o meu quarto.

A minha noite foi maravilhosa, nós conversamos bastante, comemos, as crianças brincaram e eu estava sorrindo, como a tempos não sorria.

No final de semana, Luan me ligou e eu suspirei antes de atender. Era sempre assim, aquilo nunca passava.

- Luan?

- Oi, Carol. Escuta, eu combinei com o Enzo dele vir passar o final de semana comigo. Ele te disse?

- Não...

- Deve ter esquecido. Você deixa? No domingo eu volto e levo ele aí.

- Tudo bem, se ele quer.

- Então você pode arrumar as coisas dele e levar ele até o aeroporto? O Rober vai tá lá esperando ele.

- Pode deixar, em quarenta minutos eu to lá.

- Ótimo! Vê se a Duda também quer vir, sei que o Breno é muito pequeno.

- É sim! Pode deixar que eu falo com ela. - Me despedi dele e fui até Enzo.

Ele realmente tinha se esquecido, mas se animou com a idéia de viajar com o pai.

Enquanto eu arrumava sua mala, eu gritei Eduarda, que estava no quarto.

- O que foi, mãe?

- Enzo vai passar o final de semana com seu pai, não quer ir junto? Ele mandou te chamar.

- Não, fala pra ele que eu não quero atrapalhar as noitadas dele. – Ela saiu bufando.

Era sempre assim, sempre que saia coisas do Luan com outras mulheres, ela ficava irritada e não queria saber nem de atender seus telefonemas. E naquela semana, foi a semana que saiu algumas fotos do Luan com uma mulher dentro do seu carro, em São Paulo mesmo, no seu condomínio. Foi flagrado por uma fã.

Eduarda foi comigo até o aeroporto e nós logo avistamos Rober. Ela pegou Breno no colo, enquanto eu levava a mochila de Enzo.

- Tudo bem, Carol?

- Tudo bem, Rober! E você?

- Tudo ótimo...E aí criançada? Não vai, Dudinha?

- Não, fala pro seu patrão que eu não quero ir atrapalhar ele com as peguetes.

- Eduarda! – Eu lhe repreendi e ela revirou os olhos. Rober ficou sem graça.

- É...Ela vai ficar me ajudando com o Breno. – Eu tentei disfarçar e ele apenas sorriu sem jeito.

Voltamos para casa e como o sol estava muito quente, Eduarda deu a idéia de irmos para piscina e comprarmos sorvete. Passamos em uma sorveteria ali perto e quando chegamos em casa, fomos direto para piscina.

- Breno, vem aqui! – A gente chamava sem sucesso.

O menino não gostava de jeito nenhum de água.

- Não quero!

- Vem aqui, filho, tá boa a água. A mamãe não vai te soltar. – Ele negou novamente e voltou a atenção para seus carrinhos.

Deixei ele brincando na grama, de camisa e cueca e fiquei na piscina com Eduarda.

Breno era uma mistura de tudo. De Eduarda quando era menor, seu jeitinho de ficar emburrado e cruzar os bracinhos e do Luan, no jeito de andar, de falar, tudo me lembrava ele, até do jeito que ele estava vestido naquele momento. Do jeito que o pai gosta de dormir.

No final da tarde, Eduarda até conseguiu pegar ele, mas só ficou na escada da piscina, ela descia mais um degrau e ele ameaçava chorar, nos fazendo ri. Ela me pediu pra tirar uma foto com o irmão e eu tirei e como sempre fazia, postei para as fãs do Luan que tanto gostavam.

Minhas vidas! Falta só um, que tá longe de mim =[

*

Depois de acordar no final da tarde, Enzo continuava dormindo do meu lado, desde a hora que chegou. Peguei meu celular e a primeira foto que apareceu, na minha rede social, foi uma que Carolina tinha postado de Eduarda e Breno. Não tinha muito tempo.

Sorri vendo aquela foto e curti. Me bateu uma tristezinha, quando me lembrei do que Eduarda tinha dito ao Rober quando ele foi buscar Enzo, ele tinha me contado mesmo um pouco sem graça, mas acho que sua intenção mesmo era me abrir os olhos.
No fundo ela tinha razão por estar daquele jeito e depois de muito tempo, eu parei pra pensar no que estava fazendo da vida.

Não que fosse a coisa mais errada do mundo, não era nenhum pouco errado, pelo menos para os outros. Mas a minha família estava sentindo aquilo, e Carolina também, mesmo sabendo disfarçar tão bem. Eu sentia tanta saudades dela, do cheiro dela, do jeito dela.

Eu nunca amei alguém tanto assim, mas o orgulho não me deixava voltar atrás.

Eu confesso que cada noite de amor que tive com alguém, foi pensando nela,foi imaginando ela em outras. Era o meu maior desejo.

Acho que ela nem Eduarda me perdoariam, mesmo dando essa explicação. Me doía também saber que minha filha vivia com raiva de mim e não fazia questão de esconder aquilo.