Capítulo 152

No outro dia, Luan me ligou na hora do almoço, dizendo que já tinha chegado e que depois passaria na minha casa para ver as crianças.

A tarde, as crianças queriam comer bolo e eu fui até uma padaria, dentro do condômino mesmo, para comprar os ingredientes. Na volta, eu encontrei com Eloá, que me olhava com uma cara nada boa. Já estava bem perto da minha casa.

- Eloá, a gente precisa conversar...

- Eu não quero conversar com você. Nunca mais!

- Você não sabe como suas palavras me doem, não sabe o tamanho da injustiça que está fazendo.

- Eu sei muito bem, Carolina. Você é uma traíra, você me traiu, logo eu, sua melhor amiga.

- Eu não te traí, Eloá! Coloca na sua cabeça. Eu não fiquei com o seu namorado. – Assim que terminei de falar, olhei para frente e Luan estava ali, me olhando com uma cara de reprovação.

Eloá saiu dali ás pressas e eu fui até ele.

- As crianças estão aí? – Sua voz, era indiferente.

- Estão...Vamos entrar? – Ele apenas assentiu. Mas antes mesmo de chegarmos até a porta, eu segurei seu braço. – Não é nada disso que você está pensando.

- E o que você acha que eu to pensando?

- Eu sei que escutou minha conversar com Eloá, mas ela está cega, eu nunca ficaria com outro homem, mesmo estando dando um tempo com você, principalmente com o namorado dela.

- Será mesmo, Carolina?

- Luan, eu não to acreditando que você também vai ficar cego igual ela.

- Não é cego, eu só não duvido, porque pra mim o seu amor por mim está acabando.

- Você tá doido! Meu amor por você nunca vai acabar! – Eu me irritei e entrei em casa, o deixando para trás. Fui direito para cozinha, ajudar Suzi com o bolo e só voltei na sala de novo, quando ela tinha o colocado para assar.

Luan ficou com as crianças até de noite, jantou e comeu o bolo com a gente. Não trocávamos uma palavra. Depois ele se foi, se despedindo dos filhos.

Nos cinco dias de folga que ele tinha, sempre ia ver as crianças, levava eles para almoçar, na sorveteria e no parque do condomínio, mas ainda não me olhava direito e aquilo me doía mais que tudo. Mas eu não admitia que ele duvidasse do meu amor por ele.

Ele voltou a fazer seus shows, depois da folga, e aí sim as coisas só pioraram, já que nem nos víamos mais e ele voltou a ligar pra Eduarda, que depois de muito custo voltou ás boas com o pai, mesmo não sendo cem por cento.

Estava chegando do trabalho, quando encontrei Eduarda no sofá, com o celular na mão e chorando baixo. Ela já estudava de manhã, Enzo durante a tarde e eu já tinha colocado Breno no maternal, mesmo com um aperto no coração. Suzi só fazia o almoço e final de semana, me ajudava o dia todo.

- O que foi, filha? – Corri até ela e me sentei do seu lado.

- Mãe, olha isso! – Ela me entregou o celular. Era uma foto do Luan, beijando outra mulher em uma balada. Eu fechei os olhos e não me permiti chorar na frente dela. – Ele não podia ter feito isso com a gente, mãe, não podia!

- Filha... – Eu larguei seu celular em cima da mesa de centro. – Pelo visto, o seu pai não quer mesmo voltar comigo e ele está feliz na vida de solteiro, mas ele nunca vai deixar de ser seu pai e dos seus irmãos, então não envolve nisso, é coisa nossa!

- Não, mãe! Eu me envolvo, porque ele não podia fazer isso com a família dele, ele está fazendo a senhora sofrer e eu to sofrendo junto!

- Ôh, meu amor! – Eu lhe puxei para um abraço. – Eu fico feliz que se preocupe tanto assim comigo, mas não se envolve, Duda. Não fica com raiva dele, depois vai achar que eu que estou colocando coisas na sua cabeça. – Ela não me respondeu e eu beijei o topo de sua cabeça. – Eu vou tomar um banho, tá bom? Faz o mesmo.

- Tá, mãe! – Ela secou as lágrimas e sorriu fraco.

- Vamos buscar seus irmãos comigo?

- Vamos sim! – E aquele dia, se passou assim.

Eu não tirava aquela foto do Luan da cabeça e já estava preparada para o dia que ele fosse até a minha casa, pedir o divórcio. E não demorou para isso acontecer.

Assim que ele chegou de viagem, foi na minha casa. Os meninos estavam estudando e Eduarda, tinha saído com uma amiga.

- Eu acho que você já viu a foto que saiu...

- É, eu vi sim.

- Eu...Não queria que isso tivesse saído, mas agora já era, então...Eu vou anunciar a nossa separação.

- Por que fez isso, Luan?

- Confesso que me arrependi, Carolina, mas não dá mais nós dois.

- Você tá sendo muito egoísta, Luan, egoísta comigo e seus filhos.

- Não coloca as crianças no meio disso!

- Tudo bem, se é assim que você quer. Eu não vou ficar me humilhando mais.

- Não se humilhe mesmo, Carolina, aqui é o fim. – Eu me calei com suas palavras. – Eu vou anunciar hoje mesmo e depois vejo o divórcio. – Eu não o respondi mais e ele saiu dali.

Assim que Eduarda chegou, eu resolvi contar pra ela tudo que tinha acontecido. A minha filha estava tão chateada, que aquilo cortava o meu coração.

- Agora já era, Duda, mas não fica assim! Ele não vai deixar de ser seu pai e hoje em dia é normal pais separados.

- Eu sei que é, mãe, mas eu nunca imaginei que seria comigo. – Ela suspirou. – A senhora quer que eu fale com o Enzo?

- Você faria isso por mim?

- Sei que disfarça bem, mas está acabada por dentro.

- É...Você me conhece bem. Acho que eu não vou saber falar sobre isso com o seu irmão. Obrigada por me ajudar tanto com eles.

- Eu faço o que posso, mamãe! – Ela me abraçou.

Como Luan havia me dito, ele realmente anunciou em sua rede social, que nós já estávamos separados, desde que ele havia ido fazer uma turnê pelos Estados Unidos.

Na verdade, já saia mesmo boatos que ele estava dormindo todos os dias na casa de seus pais, já havia saído vários boatos que estávamos separados.

Enzo era bem criança e nem deu muita importância pra isso, eu ouvi atrás da porta tudo que Eduarda lhe falava e ela explicava direitinho, as mesmas coisas que eu lhe falava.

Como ela estava me ajudando, nem parecia á menininha mimada de alguns anos, ou até meses, atrás.

E o que eu podia fazer? Eu tive que tocar a minha vida, já que o Luan estava disposto mesmo a não me querer mais como esposa. Ele não fazia idéia em como aquilo tudo me doía, em como eu chorava todas as noites. Logo a pequena raiva que eu fiquei dele, passou e quando ele ia ver as crianças, eu tentava conversar com ele, ser gentil, mas nada daquilo era retribuído, pelo contrário, ás vezes ele nem fazia questão de me responder e fingia que não me ouvia.

Eu confesso que estava mesmo forçando a barra, porque eu o queria de volta na minha vida, mais que tudo.

A sorte tinha saído do meu lado, eu não tinha mais melhor amiga, muito menos um marido.

O Luan passou a agir como na juventude de novo, como no começo de sua carreira. Passou a sair mesmo, a ficar com mulheres, sem se importar com as câmeras.

Fotos dele, entrando em carro e em hotel com mulheres, era o que não faltava e ele parecia não estar nem aí.

Eduarda via tudo também e eu fiz ela me prometer que não iria ficar com raiva do pai por aquilo, mas eu via em seu rosto a raiva, quando ela ficava sabendo de cada foto.

Eu procurei tocar a minha vida e cuidar dos meus filhos, mas estava difícil.

( 1 ano depois)