Capítulo 55

Naquela noite fomos dormir bem mais tarde que o normal, e eu já via que teria trabalho pra acordar Eduarda no outro dia. Fiquei arrumando algumas coisas na cozinha, pra Suzi não ter muito trabalho no outro dia e ficar só a disposição de Eduarda, enquanto Luan a colocava pra dormir. Já tinha conversado com ela que teria que aprender a dormir em seu quarto, não só quando Luan fosse dormir lá. Eu confesso que pensei que nunca mais arrumaria um homem na vida e ter acostumado Eduarda tão mal a dormir comigo todas as noites. Mas eu estava disposta a concertar esse erro.

Subi as escadas, assim que terminei tudo e escutei vozes baixinhas, assim que cheguei na porta do quarto e resolvi parar para escutar o que falavam.

- Luan... – Ela sussurrou.

Luan riu baixinho e respondeu do mesmo tom.

- Oi.

- Sabe o que eu queria? – Levantou sua cabeça que estava em seu peito, para lhe olhar.

- O que você queria, princesa?

- Te chamar de pai. – Ela olhou para baixo, enquanto mexia em suas mãozinhas.

Acredito que aquilo me pegou tão de surpresa, quanto o Luan.

- E por que não chama? – Ele disse, me surpreendendo mais ainda.

- Porque acho que a mamãe vai brigar comigo. Não conta nada pra ela.

- Por que acha que ela vai brigar?

- Não sei! Mas acho que ela vai...Mas eu queria te chamar de pai, porque você me cria como um papai. – Ela lhe olhou e sorriu, atrás da chupeta.

Luan sorriu e lhe puxou para um abraço.

- Fico feliz com isso!

- Você deixa eu te chamar assim, sem a mamãe saber?

- E por que eu não posso saber? – Entrei no quarto sorrindo e Eduarda se assustou.

- Mamãe!

- Filha, a mamãe não brigar com você. Só acho que o Luan...

- Eu acho que o Luan vai amar te ouvir chamá-lo de pai. – Luan disse rindo e eu sorri pra ele.

- Não quero que faça isso por preção.

- Você ainda não entendeu que eu amo você e sua filha? Você quer ser minha filha , Duda? Eu sei que você tem seu papai de sangue, eu nunca vou deixar você esquecer dele. Mas, eu queria cuidar de você por ele.

- Você já cuida! – Respondi por ela e ele sorriu.

- Eu poço te chamar de papai?

- Pode! – Ela sorriu e beijou seu rosto, logo depois beijou o meu.

- Agora que está tudo resolvido, a mocinha já pode ir dormir! – Ela gargalhou e voltou a se deitar rápido.

No outro dia, Luan teria que gravar um programa de rádio na cidade vizinha. Então se levantou no mesmo horário que eu e Eduarda, tomamos nosso café da manhã e nos despedimos, já que só nos veríamos na outra semana.

- Te amo! – Ele encerrou nosso beijo.

- Também te amo! Me liga todos os dias, tá?

- Pode deixar, tenho que te falar da viajem também.

- É verdade! – Ele se abaixou e beijou Eduarda.

- Não demora...

- Pode deixar, princesa! Tchau, amo você.

- Tchau, eu também te amo, papai. – Sorri quando ele me olhou emocionado e lhe abraçou mais ainda.

Fiquei o olhando arrancar com o carro, enquanto acenava. Tive ainda mais certeza do quão perfeito ele era. Não é qualquer homem que te aceita com filho e ainda aceita ser chamado de pai por uma criança que nem é dele.

E cada dia que passava eu não tinha dúvidas da escolha mais que certa que eu tinha feito.

Duas semanas depois viajamos para Fernando de Noronha. Assim que chegamos, pude ver o quanto os olhinhos de Duda brilhavam olhando pela janela do nosso enorme quarto de hotel. O céu sem nenhuma nuvem e uma praia divina logo em frente.

Nos trocamos rápido, comemos no hotel e já fomos ver aquela maravilha de perto.

Um grupo de pessoa avistou Luan e foi aonde estávamos, se abraçaram e pareciam já se conhecer. Reparei que suas camisas eram todas igual.

- Amor, esse é grupo que ajuda a salvar as tartarugas marinhas que eu conheci quando vim aqui tirar uma folguinha também. – Eles me cumprimentaram sorrindo e eu retribui.

- Nunca mais aparece, Luan. – Um homem comentava.

- Pois é, rapaz. Eu não tive folga, mas agora tirei três dias e foi o primeiro lugar que pensei pra vir e chamei a Carol.

Conversaram mais um pouco e logo eles se foram. Avistei muitos barcos por ali e tive uma idéia.

- Amor, vamos dar uma volta de barco?

- Sério? Que ótimo.

- Acho que são pra alugar. – Apontei o dedo para onde estava vários barcos e Luan concordou.

Fomos até eles e Luan alugou o que ele mais achou seguro. O home, já bem maduro, que era dono do barco e iria com a gente, era bem simpático e comunicativo.

Passeamos bastante de barco por aquela região e no final da tarde, voltamos pro hotel.

Tomei meu banho com Eduarda e Luan logo depois.

- Bora jantar e procurar algum passeio pra fazer? – Ele sugeriu, enquanto arrumava seus cabelos.

- Vamos!

- Assim que eu gosto...

- De que?

- Te ver animada. – Ele riu.

- Estou mesmo! Eu amei vim pra cá...É lindo aqui.

- Só amou vim pra cá? – Ele me olhou.

- Amei vim pra cá com você, seu bobo! – Ri e ele me acompanhou.

Jantamos em um restaurante maravilhoso e passeamos bastante naquele lugar. Tudo tão lindo.

No outro dia, fomos para a praia depois do almoço, mas ao contrário do dia anterior, fomos já preparados para tomar banho no mar. Sentamos perto de um quiosque, que tinha mesinhas com guarda sol e ali comíamos em bebíamos.

Levantei com Eduarda para pegar água de coco para ela e Luan ficou ali, já que nossas coisas estavam na mesa. Compramos e assim que voltamos, avistei Luan conversando com uma loira, era bem magra mas tinha o cabelo perfeito e parecia ser bem bonita. Nos aproximamos, mas eu não consegui saber o que falavam.

- Papai, acabou! – Eduarda disse o interrompendo e ele nos olhou. A mulher se despediu e eu voltei a me sentar.

- Acabou, amor? No hotel tem, você bebe lá. – Ele a sentou em seu colo.

- Quem era? Uma fã? – Perguntei um pouco irônica, mas acho que ele não percebeu.

- Não...Uma peguete. – Ele deu de ombros e eu o olhei indignada.

- Quero ir pro hotel. – Respirei fundo.

Me levantei e comecei a arrumar as coisas dentro da minha bolsa. Segurei Eduarda de seu colo e peguei em sua mão. Saí andando.

- Ei, amor...Carol! – Luan andava atrás de mim. – Ei! – Eu não respondia. – Amor, para com isso! – Ele conseguiu me alcançar e me abraçou por trás rindo.

- Não estou vendo graça em nada.

- Desculpa...É mentira. A menina só veio me pedir uma informação, tem sotaque de Portugal.

- Sei! – Eu bufava.

- Eu juro! Eu só brinquei com você.

- Não me testa! – Tentei sair de seus braços com raiva.

- Calma! Não te testei, só brinquei.

- Eu não gosto desse tipo de brincadeira. – Ele suspirou e enfim consegui me soltar.

Fomos para o hotel, que era só atravessar a rua e assim que chegamos no quarto ele ficou em pé me olhando, enquanto eu tirava a roupa de Eduarda para lhe dar um banho.

- Amor, para! Eu juro pra você, quer ir perguntar pra ela? Se eu soubesse que ficaria tão estressada não iria brincar assim.

- Sabe, Luan... – Parei o que fazia e levantei a cabeça para lhe olhar. – Eu não sei se agüento essa sua vida. Não sei se consigo viver muito tempo com um homem que vive cercado de mulheres e que o relacionamento só sobreviva de amor. Porque confiança, pode até ter um pouco, mas bem pouco, juntos não vamos estar sempre...Eu não sei se consigo.