Capítulo 63

- Mãe, vamos ali em baixo comprar doce. – Eduarda já entrou em casa pedindo.

- Chega por hoje, filha. Você já comeu demais na casa do Luan.

- Mas eu quero mais. Vamos! – Ela cruzava os braços.

- Não me faz brigar com você hoje não, estamos indo tão bem. – Ela ficou calada por algum tempo, mas não demorou abrir a boca a chorar. Pura pirraça.

- Mãe! – Ela gritava e eu nem ligava.

- Nossa, Luan. Você nem mora aqui e eu já tenho que arrumar sua bagunça. – Eu dizia a Luan, que estava deitado no sofá.

Tinha deixado casado, boné touca e óculos espalhados pela casa, que estava arrumada, quando chegou de manhã.

- Nem tá bagunçado. – Ele disse rindo e deu de ombros. Revirei os olhos.

- Não sei pra que veio de boné, com uma touca na mão e jogou os dois aqui.

- (risos) Trouxe os dois pra ver qual colocava, mas consegui arrumar o cabelo. – Enquanto isso Eduarda ainda chorava e vendo que eu não ligava, começou a berrar e eu parei para lhe olhar séria.

- Para com isso, ou vai ficar de castigo o resto da semana.

- Não!

- Eduarda, para de gritar comigo. Me respeita!

- Você é muito chata!

- Continua chorando que eu vou te dar motivos pra chorar de verdade.

- Duda, para de chorar. – Luan disse se sentando. – Senta aqui comigo.

- Não quero. – Ela não gritou com ele.

- Coisa feia fazendo pirraça.

- Eu quero doce!

- Mas sua mãe disse que não pode. Respeita ela...

- Ela é chata!

- Senta aqui e para de chorar, ou ela vai te colocar de castigo.

- Que se dane! – Ela deu de ombros.

- Eduarda! – Gritei com ela que fez um escândalo maior ainda.

Ia em sua direção, quando Luan segurou meu pulso.

- Não faz nada. – Ele me olhou. – Vem aqui Eduarda, ou eu vou ficar muito bravo com você. – Ele falou firme e ela diminuiu o choro. Era raro lhe chamar pelo nome.

Ela se aproximou fazendo um bico de manhã.

- Vai tomar banho. – Eu disse, ainda lhe olhando feio.

- Não quero!

- Ainda vai continuar a desobedecer sua mãe? Vamos pro banheiro. – Luan levantou e a pegou no colo.

- Eu não quero!

-Você quer que eu fique bravo com você?

- Não...

- Então para! – Seu choro acabou e ela soluçava. – Coisa mais feia! – Ele subiu com ela, provavelmente lhe daria banho e eu fui ver como faria aquilo.

Subi as escadas e fiquei atrás da porta vendo os dois.

- Tá bravo comigo? – Ela dizia, enquanto ele tirava seu short.

- Um pouco, não é bonito ficar de birra e gritar com sua mãe. – Ela ficou quieta.

Ele lhe deu banho calado debaixo do olhar curioso de Eduarda.

Lhe secou e colocou seu pijama que estava em cima da pia do banheiro, provavelmente ele mesmo tinha escolhido.

- Você ainda é meu pai? – Ela perguntou e ele parou para lhe olhar e sorriu.

- Claro que sou. Só que os pais as vezes ficam bravos também e precisam educar, não é?

- Desculpa? – Seus olhinhos ficaram cheio de lágrimas e Luan lhe abraçou.

- Claro que sim, minha princesinha!

- Eu te amo.

- Eu também te amo muito! Agora pede desculpas a mamãe também. – Ela assentiu.

Voltei pro quarto rápido e eles logo apareceram, sorrindo, tive que conter o meu.

- Mamãe, me desculpa? – Eduarda se aproximou e eu a peguei.

- Claro que desculpo, minha coisinha mal criada! – Ri.

- Vou pegar meu bebê. – Ela saiu correndo para seu quarto.

Já estava dormindo alguns dias lá e eu já tinha colocado todas as suas coisas em seu quarto.

- Desculpa se eu não deixei você fazer o que queria lá em baixo. – Luan se sentou do meu lado e eu lhe olhei sorrindo.

- Você não me desautorizou, nunca achei que seria um pai tão bom assim! – Rimos. – Afinal, um pai também precisa educar. – Repeti a frase que ele disse a Eduarda.

- Você ouviu, foi? – Assenti. – Acha que fui ruim?

- Claro que não! Já disse que foi melhor que eu esperava.

- Fico feliz por isso!

- Eu te amo, sabia? – Me aproximei dele e falei em seu ouvido.

- Eu te amo mais ainda! – Ele sorriu me abraçou pela cintura, me fazendo sentar em seu colo.

Iniciamos um beijo gostoso, mas fomos interrompido por Eduarda rindo, junto de seu bebezão inseparável, que os pais de Luan haviam lhe dado.

(...)

Tinha chegado do trabalho aquela semana e me joguei no sofá. Ouvi os passos de Eduarda na escada e logo ela se aproximou, subiu na minha barriga e me abraçou.

- Pode ir, Suzi! Obrigada, viu?

- O que é isso, dona Carolina! Quando precisar é só chamar. – A babá foi embora.

- Mamãe, olha... – Ela me mostrou um papel que estava em sua mão.

Abri para ler e era um convite para uma festinha em sua escola.

- É amanhã, já? Dá pra eu ir sim.

- Mamãe, é do dia dos pais.

- Verdade, tinha me esquecido. Foi sua professora que te falou? – Ela assentiu.

- Nós vamos cantar uma musiquinha e vamos entregar uma cartinha que fizemos ontem na aula pros nossos papais. Liga pro meu pai vim...

- Filha, então, o Luan tá trabalhando. Eu não sei se ele vai poder ir em uma festa assim também. – Me sentei no sofá.

- Por favor, mamãe. É a primeira vez que eu vou participar. – Suspirei.

Era verdade, Eduarda nunca participou de nada do dias dos pais em sua escola por conta que seu pai nunca podia ir lhe assistir e era revoltada com isso desde pequena.

Nem as professoras, nem as diretoras conheciam o Marcelo.

- Tá bom, eu vou falar com ele, mas não prometo que ele venha. – Ela me abraçou e eu sorri. Foi para o seu quarto, que ela tanto estava gostando.

Acabou que naquele dia, pedi comida em um restaurante e sobremesa, nós comemos e fomos dormir pesadas, não deu tempo de ligar para Luan, mas com certeza estava muito ocupado, já que também não tinha me ligado antes do show, como costumava.

Acordei no outro dia, com alguma coisa roçando no meu pescoço, me fazendo arrepiar. Me mexi na cama e ouvi uma risada baixinha.

- Amor! – Ri fraco também, assim que o reconheci, impossível não reconhecer seu perfume também.

- Bom dia, minha princesa! – Ele beijou meu rosto.

- Tudo bem? – Me virei na cama, já que estava de bruços.

- Tudo ótimo, melhor agora! – Ele riu.

- Tá madrugando, em. – Brinquei.

- Verdade! Cheguei de madrugada, dormir rapidinho e vim correndo pra cá. – Sorri. – Cadê minha outra princesinha? – Ele procurava pelo quarto.

- Ela dormiu no quarto dela.

- Sério?

- Aham, eu deitei com ela até pegar no sono. Mas tá amando um quarto só pra ela. – Rimos.

- Acho que ela vai virar adolescente e eu não vou nem ver. – Ele falava como um pai preocupado. Me sentei na cama.

- Mamãe...Pai! – Ela correu para seus braços.

- Oi, meu amor!

- A mamãe te falou?

- O que? – Luan me olhou.

- Ôh, mãe! – Ela me olhou.

- É que hoje é a festa de dia dos pais no colégio dela e ela queria que você fosse...

- Eu vou cantar musiquinha e te entregar uma cartinha. – Ela tentava o convencer, me fazendo ri.

- Luan se não puder, não precisa, é sério! – Lhe olhei séria.