Capítulo 115

- Amor, para de falar essas coisas! Vamos ficar aqui com você, nós três! – Passei a mão por minha barriga e ele sorriu, antes de me puxar pra um abraço. – Vai chorar é? – Sussurrei brincando e escutei sua risada baixa.

- Quase...Você faz isso comigo! – Fiquei sem graça com seu olhar intenso em cima de mim e alisei seu rosto.

Eduarda entrou gritando no quarto, que custo, mas acho o biscoito que eles tanto gostavam.

Deixei os dois, juntos do nosso cachorrinho na cama, vendo desenho e comendo biscoito, enquanto arrumava o quarto que estava uma zona.

- Amor, eu já estava esquecendo. – Parei de fazer o que fazia.

- O que foi? – Ele me olhou.

- Temos que montar o quarto do nosso, filho. Meu Deus! Daqui a pouco ele nasce e não tem nem berço pra dormir. – Coloquei a mão na cabeça e Luan gargalhou.

- Lógico que não, muié! Vamos ver isso hoje?

- Hoje?

- É...Eu viajo amanhã e só volto daqui a duas semanas. – Ele fez careta e eu lhe acompanhei.

- Tudo bem, então!

- Para de arrumar isso aí, não pode fazer esforço!

- Não to fazendo esforço nenhum, só pegando umas roupas que a dona Eduarda deixou espalhada pelo meu quarto.

- Vai lá pegar suas roupas, sua mãe não pode ficar se abaixando! – Ele disse a Eduarda, que levantou da cama resmungando, mas pegou sua roupa e colocou em cima da poltrona.

Almoçamos e nos trocamos para irmos para o shopping, enfim resolver sobre o quarto do nosso filho.

Já estávamos indo em direção a porta, quando a campainha tocou e eu me lembrei de quem iria passar ali. Olhei para Luan rapidamente, que parecia pensar a mesma coisa que eu.

- O porteiro do condomínio não avisa mais não.

- Eu não sei por que, mas ele não avisou cedo e pelo visto, nem agora.

- Esse cara deve ser muito importante mesmo, ou suborna as pessoas. – Eduarda esticou os braços, para que Luan a pegasse no colo e eu suspirei, indo em direção a porta.

- Viemos nos despedir, como falamos, Carolina.

- Ah sim! Entrem... – Falei com receio.

- Tudo bem? – Ouvi Maurício dizer a Luan, enquanto fechava a porta e quando me virei, os dois apertavam as mãos, logo depois seu filho também.

- Já vão hoje mesmo? – Puxei assunto.

- Vamos, sim. Preciso voltar, minha empresa não pode ficar sem mim. – Ele sorriu. – Vejo que estavam de saída, me desculpe!

- Não tem problema, por um momento esqueci que viriam. Iríamos em uma loja do shopping comprar os móveis para o quarto do nosso filho. – Fui simpática.

- Ah...Creio que quando eu voltar aqui para o Brasil ele já deverá ter nascido, espero conhecê-lo.

- E vai! – Sorri.

- Eu conheço você! – Marcos olhou para Luan, estreitando os olhos.

Abriu a maleta que estava em sua mão e tirou de lá uma revista. – Sabia! – Ele olhou a foto de capa, que estampava o rosto de Luan.

- Ah, o Luan é canto...Bem conhecido aqui.

- Eu já vi uma foto sua em revista também, quando te vi sabia que já tinha te visto em algum lugar. – Sorri sem jeito.

- E você, Duda? Está animada para chegada do irmãozinho? – Maurício disse e Eduarda, não disse nada, apenas deitou sua cabeça no ombro do Luan.

- É...Acho que vai rolar um pouco de ciúmes! – Ri fraco.

Eles conversaram mais um pouco comigo, tentaram puxar assunto com Eduarda, que estava bem tímida e eu já comecei a mudar meu conceito sobre o pai do Marcelo.

Ele não parecia ser uma pessoa ruim assim como eu pensava.

- Eu posso falar com você um minuto? – Ele disse, assim que já se despediram para irem embora e eu assenti. – A sós.

- Eu já vou indo pro carro! – Seu filho se despediu de mim e saiu.

- Eu também, amor! – Luan passou por mim, com Eduarda e me deu um selinho.

- O que o senhor quer me dizer?

- Só queria te dizer que se precisar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, é só me ligar! – Ele me deu seu cartão. – Sei que tem uma ótima condição financeira, eu conheci seus pais, mas, não sei...Quando mudar de idéia sobre ir morar lá conosco.

- Minha decisão está tomada, eu não vou me mudar! – Tentei não ser grossa, mas não sei se adiantou.

- Pensa bem...

- Eu sei que o senhor só quer ficar perto da Eduarda, mas...

- É, realmente...Sabe, estou passando por um momento difícil. Tenho que trabalhar o dia todo pra esquecer e do nada, eu me lembrei da Eduarda e disse que teria que vir conhecê-la. Marcelo falava tanto dela, das vezes que nos víamos e nos falávamos por telefone. Eu perdi minha esposa e minha filha de dois meses em um acidente de carro. – Ele encarou o chão.

- Nossa! Meus...Sentimos.

- Obrigado...Eu estou tentando superar. Marcos voltou a morar comigo, mas na verdade, eu quero que se case e tenha filhos, para voltarmos a termos uma família de novo.

- Tenho certeza que isso acontecerá!

- Eu vi que se eu nunca conhecesse, nem procurasse minha neta, eu iria me arrepender amargamente e graças a Deus, ela ainda é pequena!

- O senhor fez bem e eu já disse, será bem vindo aqui sempre que vier! – Sorri e em um impulso, ele me puxou para um abraço.

- Você é uma menina de ouro, meu filho foi burro por não ter se casado com você! – Sorri sem jeito.

- Obrigada...

- Então, se precisar já sabe... – Ele apontou pro cartão e eu assenti. – Porque não sei, esses cantores não querem nada com a vida. Sabia que o Marcos canta? – Ele sorriu e eu neguei. – É, já até fez shows por algum tempo, parou e pelo visto, agora que não volta mesmo. Eu sempre via como ele era, uma por cidade e quando arrumou uma namorada linda, ainda sim traia a menina, que era apaixonada por ele. Não estou falando que seu noivo seja assim, mas a maioria é. Eu torço pra felicidade de vocês, pra sua principalmente, mas toma cuidado! Ele ainda é jovem...Mas então, já estou indo! – Ele sorriu fechado e eu lhe acompanhei.

- Volte sempre! – Ri.

Saímos da minha casa, e eu acenei para ele, antes de entrar no carro, que Luan já me esperava.

- E aí?

- Ele parece ser uma pessoa boa.

 - O que ele tinha pra te dizer?

- Só disse que se eu precisar dele era só ligar e me deu seu cartão.

- Mas você não vai precisar! – Lhe olhei e ele encarava a estrada sério.

- O que foi? Está com ciúmes do...

- Lógico que não! Do velho, é óbvio que não. Do filho dele eu até poderia, mas só não fui com a cara deles mesmo.

- Mas eles me pareceram uma boa pessoa...

- É pode ser! Vamos mudar de assunto? – Lhe olhei séria e fiquei calada.

Quando chegamos a loja de móveis de bebês, nos animamos bem mais. Era tudo tão lindo e delicado. Eu queria levar tudo pra casa.

Depois de escolhermos como seria o quarto e a cor, começamos a comprar tudo, Luan já até deixou pago e a moça da loja nos garantiu que no final da semana já estariam lá para montar.

Lógico que Eduarda viu uma loja só de brinquedos, pegou na mão do Luan e começou a lhe puxar em direção. Ela sabia direitinho como ganhar as coisas.

Entrei atrás deles e até Luan se empolgava com as coisas.

- Aproveitar e comprar algumas coisas pro Enzo.

- Luan! O menino nem nasceu!

- O que é que tem? Eu vou comprar coisas de bebê.

- Tudo bem! – Revirei os olhos.

Fomos para casa, pedimos uma pizza e eu comi como se não tivesse comido a séculos.

Conversamos na cama sobre o nosso filho e acabou que Eduarda dormiu ali mesmo, no meio de nós dois.

- Deixa ela aqui mesmo! – Luan sussurrou e eu assenti.

Peguei no sono, mas acordei ainda com sono. Olhei para o meu lado da cama e estava vazio. Pensei já estar de manhã, mas quando olhei no relógio, me assustei por ser três horas da manhã.

Desci até a sala e de lá, escutei vozes baixar e um barulho de panela.

Luan fazia alguma coisa no fogão, enquanto Eduarda estava em seu colo.

Sorri e até bati uma foto daquela cena, de tão linda.

- Pegue no flagra! – Ele me olhou assustado.

- Que susto, amor! Acordou por que?

- (risos) Tá fazendo coisa errada, né? Não sei, acordei de repente, acho que é instinto de mãe. – Ele riu e voltou sua atenção para o que fazia.

- E o que o senhor está fazendo aí?

- Um macarrão, única coisa que sei! – Ele fez careta e eu ri. – Quando me levantei, Eduarda acordou e quis vir comigo.

- Vocês, em!