Passei o dia
preocupado com Carolina por conta de Marcelo. Ainda não estava acreditando que
ele mesmo tinha tirado sua própria vida e por um momento até me senti culpado.
- Tá doido, Luan? Não
diz isso mais! – Eu falava para minha mãe o que eu estava pesando e ela me
olhou assustada.
Bruna dava banho em
Eduarda para depois jantarmos.
- Eu não sei, mãe. –
Suspirei – Será que ele não estava chateado com o fato de eu ficar tão próximo
da filha dele e da Carolina? Não sei, as vezes ele ainda gostava dela, ele
morria de ciúmes da filha. – A olhei.
- Para com isso! É
lógico que não foi por isso, depois você conversa com a Carolina, tenho certeza
que ela vai ter uma explicação pra isso.
- Será?
- Se ela não souber,
deve suspeitar de alguma coisa. – Assenti.
Eduarda desceu rindo
com Bruna e almoçamos todos juntos.
Meus pais foram
dormir cedo e nós três ficamos vendo um filme de um desenho, que Bruna tinha
comprado mas nunca tinha visto, era de criança também, nem ela sabia porque
tinha comprado aquele filme.
Coloquei Eduarda para
dormir com Bruna e me despedi delas, antes de ir para o meu quarto. Tomei outro
banho antes de me deitar e fiquei rolando na cama até pegar no sono.
Eu estava realmente
preocupado com tudo que estava acontecendo.
Acordei com batidas
leves na minha porta e assim que me levantei, tirei a cortina de frente da
janela e estranhei quando vi que o dia ainda estava escuro.
Outra batida na porta
e dessa vez, eu me apressei em abrir.
- Desculpa te
acordar, Pi. Mas a Duda não consegue dormir. – Bruna estava com Duda no colo,
as duas com a carinha cheia de sono.
- Não tem problema. –
A peguei de seu colo e beijei a testa da minha irmã, antes de me despedir dela.
Voltei a fechar a
porta e me deitei com Eduarda na minha cama.
- Luan, eu to com
saudades da minha mamãe! – Seus olhinhos se encheram de lágrimas e me deu uma
dó imensa dela.
- Amor, sua mamãe tem
que resolver umas coisas importantes, por isso você está aqui. Lembra que eu te
expliquei? – Ela assentiu.
- Mas eu to com
saudades dela.
- Amanhã mesmo você
vai pra casa...Olha, o que eu posso fazer pro seu soninho chegar logo? –
Acariciei seus cabelos e ela parou, parecendo pensar, me fazendo ri.
- Eu gosto de chupar
pepeta.
- Gosta, é? E cadê? Será
que sua mãe colocou na sua bolsa? – Me levantei e fui até suas coisas.
Achei sua chupeta em
um bolso bem escondido, depois de procurar na bolsa quase toda.
- É segredo, tá?
Mamãe não gosta que eu chupe. – Assenti rindo. – Canta pra mim?
- Claro que sim! Qual
você mais gosta?
- Amar não é pecado e
seu tiver errado... – Ela cantarolou embolado e do seu jeitinho, baixinho, já
com seus olhinhos fechados.
Sorri e me deitei
direito, enquanto colocava sua cabeça em cima do meu braço. Fiz carinho em seu
rosto e escutei o galo cantar.
- Pensei que ia pedir
uma mais nova?
- Eu gosto dessa. –
Sorri e comecei a cantarolar, quase inaudível.
Nem acabei de cantar
a musica inteira e Eduarda já dormia profundamente.
Beijei sua testa de
leve e também peguei no sono muito rápido.
Acordei primeiro que
ela no outro dia, que já estava quase toda em cima de mim, com a metade do
corpo em cima da minha barriga, me fazendo ri.
Lhe coloquei na cama
com cuidado e me levantei. O relógio marcava três horas da tarde, me assustando
o tanto que ela tinha dormido.
*
Eu não estava
acreditando que o pai da minha filha já não estava respirando o mesmo ar que
eu, que eu nunca mais poderia lhe ver e o pior, que eu lhe veria em um caixão.
Quando seu amigo me
ligou desesperado, eu juro que pensei até o ultimo minuto que era uma
brincadeira deles de mau gosto, mas logo eu tive que cair na real. A policia
liberou seu celular para que eu pegasse o número de algum familiar e ligasse,
mas só tinha de seu pai e só dava fora de área, então eu mesma tive que
resolver tudo, ainda sem acreditar.
Eu não conhecia mais
nenhum parente dele e Eloá resolveu me ajudar e Enzo, seu amigo que encontrou
seu corpo e me ligou também, e estava tão arrasado quanto eu.
Não podia entrar em
sua casa por estar interditada pela polícia, mas mesmo assim resolvi ir até lá
com eles e fiquei para o lado de fora observando aquilo tudo.
Fechei os olhos e
lembrei de todos os momentos com ele, não só os bons, os ruins também. Cada
briga de quando namorávamos, cada briga depois que eu descobrir que estava
grávida, depois que eu ganhei Eduarda. Foram muitas brigas.
Eu contaria para
Eduarda assim que a pegasse de novo, mas estava mais tranqüila quanto a isso,
ela era pequena demais e não sentiria tanto.
Um policial saiu de
dentro da casa, me tirando dos pensamentos.
- Você é parente
dele?
- Sua mãe da filha
dele. – Eu disse baixo.
- Acho que isso é pra
você mesmo. – Ele pegou um papel todo amassado e me entregou.
Fiquei sem entender
mas peguei. – Ele escreveu. Nós lemos, nos desculpe mas faz parte do trabalho e
com essa carta acaba tudo, depois de todas as investigações e mais essa carta,
foi provado que realmente ele se matou. – Fechei os olhos e respirei fundo.
Ele se despediu de
nós e saiu dali. Eloá me chamou para voltar para casa e assim fizemos.
- Qualquer coisa me
liguem! – Enzo falava, assim que parou o carro em frente a minha casa.
- Tudo bem! Obrigada
por tudo que está fazendo. – O abracei.
- O que é isso, eu
gostava muito do Marcelo. Amanhã eu venho buscar vocês pro enterro.- Assentimos
e agradecemos a ele mais uma vez, antes de descermos.
Eloá resolveu dormir
na minha casa e no outro dia, faltaria o colégio.
Nos abraçamos e fui
para o meu quarto, já que ela ficaria no quarto de hospedes. Tomei um banho,
coloquei meu pijama, já que anoitecia e tomei coragem de pegar a carta para
ler.
“Estou deixando essa
carta só pra não te deixar sem explicações, já que eu sei que você odeia. Eu te
conheço bem, nunca demonstrei, mas conheço.
Nunca demonstrei que
você foi a minha melhor namorada, a pessoa que mais cuidou de mim e tão bem,
mas você foi. Eu só tinha você de verdade do meu lado e não sabia. Eu nunca te
amei de verdade, foi só paixão, sei que você sabe, mas se eu mandasse no
coração era você que eu escolheria, era você que eu queria para sempre do meu
lado. Mas eu preferi curtir com todas, ser um sem juízo, mas é que o meu
destino já estava traçado e eu aproveitei tudo o que tinha que aproveitar para
poder ir embora feliz. Não fui tão feliz como queria, mas fui pelo menos um
terço do que imaginava, principalmente quando você engravidou da Duda. Minha
Duda.
Diz pra ela que eu a
amo muito e que mesmo falhando esse tempo todo com ela, que não tenha raiva de
mim e que se lembre de seu pai como uma pessoa que lhe amava muito e que sempre
lhe quis o bem. Eu daria minha vida pela dela.
Sei que você vai se
casar, que vai ser feliz, porque eu mesmo vou fazer questão de ficar, de onde
eu estiver, te vigiando e fazendo de tudo para isso acontecer. Sei que a Duda
vai ter outro pai muito melhor e já arrisco até a dizer quem é, só não quero
que ela me esqueça pra sempre. Você me ajuda com isso? Quero sim que ela chame
outro de pai porque tem esse direito, como qualquer outra criança, mas não
quero que se esqueça de mim, que se lembre das vezes que me esforcei para
brincar de Barbie com ela.
Só quero te pedir
desculpas por isso, mas não tive outra opção. Aliás, eu sei exatamente o que
quero e essa carta está sendo escrita uma semana antes de acontecer o que tem
que acontecer. Como eu já disse, eu quero que você e a Duda sejam muito felizes
e o mais rápido possível. Sei o quanto é dura, mas deixa de lado esse orgulho,
mulher. Fica com a pessoa que seu coração quer, ele te ama, ama a Duda e isso
já basta. Faz isso que eu descansarei em paz.
Eu amo você como
minha amiga pra sempre! Foi a melhor que eu já tive!
Cuida bem da minha
filha, está bem? Quem sabe algum dia não nos encontramos.
Beijos. Do pai sem
juízo da sua filha!”
Já estava em prantos
assim que acabei de ler aquela carta. Bem a cara dele fazer um monte de
piadinhas, mas nunca lhe imagina escrevendo o que escreveu.
Sorri assim que li o
final de novo “sem juízo” como eu lhe
chamava sempre, em todas as nossas brigas e em dias normais para nós também.
Guardei aquele papel
nas minhas coisas e jurei para mim mesma que guardaria com todo amor e carinho
do mundo e se um dia minha filha quisesse ver, ela iria ver.
Ai meu deus como eu chorei com essa carta, meu irmão tmb se matou e tudo que eu mais queria era uma carta, que infelismente não existia. Continuuuuuaaa !!
ResponderExcluirque linda a carta ♥ . tadinha da Carol qdo tiver q conversar com a Dudinha
ResponderExcluirMds To Chorando Aqui :x Que Capítulo Profundo e Perfeito *-* To Com Dó Da duda quando ela Ficar sabendo Da Morte Do Pai :x Espero que a Carol Faça oque O Marcelo Disse Ficar com a pessoa que o coração dela Quer ♥
ResponderExcluirChorandooo aquiii meu deus ... Posta mais
ResponderExcluirAwwwwn, chorei aqui :'( Que lindo do Marcelo!! Posta mais amor!!
ResponderExcluirCompletamente apaixonada por essa fic <3
chorei socorro, continua pfvr
ResponderExcluirAcabou com o meu emocional Posta maaaais, vc ta nos devendo um capítulo kkkk
ResponderExcluirSó eu que chorei com essa carta?1 :'(
ResponderExcluirPriscila