quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Capítulo 41



Passei o dia preocupado com Carolina por conta de Marcelo. Ainda não estava acreditando que ele mesmo tinha tirado sua própria vida e por um momento até me senti culpado.
- Tá doido, Luan? Não diz isso mais! – Eu falava para minha mãe o que eu estava pesando e ela me olhou assustada.
Bruna dava banho em Eduarda para depois jantarmos.
- Eu não sei, mãe. – Suspirei – Será que ele não estava chateado com o fato de eu ficar tão próximo da filha dele e da Carolina? Não sei, as vezes ele ainda gostava dela, ele morria de ciúmes da filha. – A olhei.
- Para com isso! É lógico que não foi por isso, depois você conversa com a Carolina, tenho certeza que ela vai ter uma explicação pra isso.
- Será?
- Se ela não souber, deve suspeitar de alguma coisa. – Assenti.
Eduarda desceu rindo com Bruna e almoçamos todos juntos.
Meus pais foram dormir cedo e nós três ficamos vendo um filme de um desenho, que Bruna tinha comprado mas nunca tinha visto, era de criança também, nem ela sabia porque tinha comprado aquele filme.
Coloquei Eduarda para dormir com Bruna e me despedi delas, antes de ir para o meu quarto. Tomei outro banho antes de me deitar e fiquei rolando na cama até pegar no sono.
Eu estava realmente preocupado com tudo que estava acontecendo.
Acordei com batidas leves na minha porta e assim que me levantei, tirei a cortina de frente da janela e estranhei quando vi que o dia ainda estava escuro.
Outra batida na porta e dessa vez, eu me apressei em abrir.
- Desculpa te acordar, Pi. Mas a Duda não consegue dormir. – Bruna estava com Duda no colo, as duas com a carinha cheia de sono.
- Não tem problema. – A peguei de seu colo e beijei a testa da minha irmã, antes de me despedir dela.
Voltei a fechar a porta e me deitei com Eduarda na minha cama.
- Luan, eu to com saudades da minha mamãe! – Seus olhinhos se encheram de lágrimas e me deu uma dó imensa dela.
- Amor, sua mamãe tem que resolver umas coisas importantes, por isso você está aqui. Lembra que eu te expliquei? – Ela assentiu.
- Mas eu to com saudades dela.
- Amanhã mesmo você vai pra casa...Olha, o que eu posso fazer pro seu soninho chegar logo? – Acariciei seus cabelos e ela parou, parecendo pensar, me fazendo ri.
- Eu gosto de chupar pepeta.
- Gosta, é? E cadê? Será que sua mãe colocou na sua bolsa? – Me levantei e fui até suas coisas.
Achei sua chupeta em um bolso bem escondido, depois de procurar na bolsa quase toda.
- É segredo, tá? Mamãe não gosta que eu chupe. – Assenti rindo. – Canta pra mim?
- Claro que sim! Qual você mais gosta?
- Amar não é pecado e seu tiver errado... – Ela cantarolou embolado e do seu jeitinho, baixinho, já com seus olhinhos fechados.
Sorri e me deitei direito, enquanto colocava sua cabeça em cima do meu braço. Fiz carinho em seu rosto e escutei o galo cantar.
- Pensei que ia pedir uma mais nova?
- Eu gosto dessa. – Sorri e comecei a cantarolar, quase inaudível.
Nem acabei de cantar a musica inteira e Eduarda já dormia profundamente.
Beijei sua testa de leve e também peguei no sono muito rápido.
Acordei primeiro que ela no outro dia, que já estava quase toda em cima de mim, com a metade do corpo em cima da minha barriga, me fazendo ri.
Lhe coloquei na cama com cuidado e me levantei. O relógio marcava três horas da tarde, me assustando o tanto que ela tinha dormido.

*
Eu não estava acreditando que o pai da minha filha já não estava respirando o mesmo ar que eu, que eu nunca mais poderia lhe ver e o pior, que eu lhe veria em um caixão.
Quando seu amigo me ligou desesperado, eu juro que pensei até o ultimo minuto que era uma brincadeira deles de mau gosto, mas logo eu tive que cair na real. A policia liberou seu celular para que eu pegasse o número de algum familiar e ligasse, mas só tinha de seu pai e só dava fora de área, então eu mesma tive que resolver tudo, ainda sem acreditar.
Eu não conhecia mais nenhum parente dele e Eloá resolveu me ajudar e Enzo, seu amigo que encontrou seu corpo e me ligou também, e estava tão arrasado quanto eu.
Não podia entrar em sua casa por estar interditada pela polícia, mas mesmo assim resolvi ir até lá com eles e fiquei para o lado de fora observando aquilo tudo.
Fechei os olhos e lembrei de todos os momentos com ele, não só os bons, os ruins também. Cada briga de quando namorávamos, cada briga depois que eu descobrir que estava grávida, depois que eu ganhei Eduarda. Foram muitas brigas.
Eu contaria para Eduarda assim que a pegasse de novo, mas estava mais tranqüila quanto a isso, ela era pequena demais e não sentiria tanto.
Um policial saiu de dentro da casa, me tirando dos pensamentos.
- Você é parente dele?
- Sua mãe da filha dele. – Eu disse baixo.
- Acho que isso é pra você mesmo. – Ele pegou um papel todo amassado e me entregou.
Fiquei sem entender mas peguei. – Ele escreveu. Nós lemos, nos desculpe mas faz parte do trabalho e com essa carta acaba tudo, depois de todas as investigações e mais essa carta, foi provado que realmente ele se matou. – Fechei os olhos e respirei fundo.
Ele se despediu de nós e saiu dali. Eloá me chamou para voltar para casa e assim fizemos.
- Qualquer coisa me liguem! – Enzo falava, assim que parou o carro em frente a minha casa.
- Tudo bem! Obrigada por tudo que está fazendo. – O abracei.
- O que é isso, eu gostava muito do Marcelo. Amanhã eu venho buscar vocês pro enterro.- Assentimos e agradecemos a ele mais uma vez, antes de descermos.
Eloá resolveu dormir na minha casa e no outro dia, faltaria o colégio.
Nos abraçamos e fui para o meu quarto, já que ela ficaria no quarto de hospedes. Tomei um banho, coloquei meu pijama, já que anoitecia e tomei coragem de pegar a carta para ler.

“Estou deixando essa carta só pra não te deixar sem explicações, já que eu sei que você odeia. Eu te conheço bem, nunca demonstrei, mas conheço.
Nunca demonstrei que você foi a minha melhor namorada, a pessoa que mais cuidou de mim e tão bem, mas você foi. Eu só tinha você de verdade do meu lado e não sabia. Eu nunca te amei de verdade, foi só paixão, sei que você sabe, mas se eu mandasse no coração era você que eu escolheria, era você que eu queria para sempre do meu lado. Mas eu preferi curtir com todas, ser um sem juízo, mas é que o meu destino já estava traçado e eu aproveitei tudo o que tinha que aproveitar para poder ir embora feliz. Não fui tão feliz como queria, mas fui pelo menos um terço do que imaginava, principalmente quando você engravidou da Duda. Minha Duda.
Diz pra ela que eu a amo muito e que mesmo falhando esse tempo todo com ela, que não tenha raiva de mim e que se lembre de seu pai como uma pessoa que lhe amava muito e que sempre lhe quis o bem. Eu daria minha vida pela dela.
Sei que você vai se casar, que vai ser feliz, porque eu mesmo vou fazer questão de ficar, de onde eu estiver, te vigiando e fazendo de tudo para isso acontecer. Sei que a Duda vai ter outro pai muito melhor e já arrisco até a dizer quem é, só não quero que ela me esqueça pra sempre. Você me ajuda com isso? Quero sim que ela chame outro de pai porque tem esse direito, como qualquer outra criança, mas não quero que se esqueça de mim, que se lembre das vezes que me esforcei para brincar de Barbie com ela.
Só quero te pedir desculpas por isso, mas não tive outra opção. Aliás, eu sei exatamente o que quero e essa carta está sendo escrita uma semana antes de acontecer o que tem que acontecer. Como eu já disse, eu quero que você e a Duda sejam muito felizes e o mais rápido possível. Sei o quanto é dura, mas deixa de lado esse orgulho, mulher. Fica com a pessoa que seu coração quer, ele te ama, ama a Duda e isso já basta. Faz isso que eu descansarei em paz.
Eu amo você como minha amiga pra sempre! Foi a melhor que eu já tive!
Cuida bem da minha filha, está bem? Quem sabe algum dia não nos encontramos.
Beijos. Do pai sem juízo da sua filha!”

Já estava em prantos assim que acabei de ler aquela carta. Bem a cara dele fazer um monte de piadinhas, mas nunca lhe imagina escrevendo o que escreveu.
Sorri assim que li o final de novo “sem juízo” como eu lhe chamava sempre, em todas as nossas brigas e em dias normais para nós também.

Guardei aquele papel nas minhas coisas e jurei para mim mesma que guardaria com todo amor e carinho do mundo e se um dia minha filha quisesse ver, ela iria ver.

8 comentários:

  1. Ai meu deus como eu chorei com essa carta, meu irmão tmb se matou e tudo que eu mais queria era uma carta, que infelismente não existia. Continuuuuuaaa !!

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  2. que linda a carta ♥ . tadinha da Carol qdo tiver q conversar com a Dudinha

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  3. Mds To Chorando Aqui :x Que Capítulo Profundo e Perfeito *-* To Com Dó Da duda quando ela Ficar sabendo Da Morte Do Pai :x Espero que a Carol Faça oque O Marcelo Disse Ficar com a pessoa que o coração dela Quer ♥

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  4. Chorandooo aquiii meu deus ... Posta mais

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  5. Awwwwn, chorei aqui :'( Que lindo do Marcelo!! Posta mais amor!!
    Completamente apaixonada por essa fic <3

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  6. chorei socorro, continua pfvr

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  7. Acabou com o meu emocional Posta maaaais, vc ta nos devendo um capítulo kkkk

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  8. Só eu que chorei com essa carta?1 :'(

    Priscila

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