sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Capítulo 42



Fui jantar com a minha amiga em um clima super tenso. Ela via meu rosto inchado de chorar e suspirava.
- E a carta? – Ela perguntou em um sussurro.
- É linda! Eu vou guardar com todo meu amor. – Sorri franco e ela retribuiu.
Acabamos de comer em silêncio e me levantei, alegando ir dormir.
Peguei no sono rápido, por estar com a cabeça cheia e bem cansada.
Acordei no outro dia e minha cabeça já pesou de novo, assim que lembrei que seria o enterro de Marcelo.
Tomei um banho e me vesti. Assim que desci, Eloá já tomava seu café da manhã arrumada e eu me juntei a ela.
- Carol, tenho outra noticia pra você. – Ela disse, assim que eu acabei de comer.
- Fala! – Suspirei.
- Ele se envenenou. – Olhei para o chão, em busca de uma explicação para aquilo. – E ele estava drogado. – Voltei a lhe olhar surpresa.
- Quem esteve aqui?
- A perícia saiu e ligaram pra você, mas eu disse que poderiam me dizer.
- Por que ele fez isso? – Lhe olhei, como se pudesse me dar uma explicação.
- Ele não explicou na cara?
- Ele só escreveu coisas bonitas na carta, parecia que não tinha coragem de me dizer, sabe? Ele disse no começo que me daria uma explicação, mas não deu concretamente, só deu a entender que ele queria fazer isso.
- Eu nem sei o que dizer, amiga.
- Nem eu! Ele estava limpo a tempos, amiga! Eu mesma lhe convenci e...Ele escreveu a carta uma semana antes.
- Então ele já planeja mesmo isso. – Assenti. Abracei minha amiga e chorei em seu ombro.- Olha, a Duda não está com a minha mãe.
- Como não, Eloá? – Levantei minha cabeça assustada.
- Meus pais foram viajar e, eu deixei ela com o Luan.
- O que? Como assim? A gente nem tá se falando.
- Calma, tá? Ele veio até aqui fazer as pazes com você, mas você tirou o nome dele de autorizados da lista do condomínio.
- Lógico! Eu não quero mais ver ele!
- Ele me ligou e eu liberei a entrada dele. Fomos para a minha casa e ele me falava o que ia te falar, queria muito que você o perdoasse, coitado. Nesse meio tempo você me ligou e depois que eu vim eu tive a idéia de deixar a Duda com ele, se não como eu ficaria do seu lado? Não posso te deixar sozinha...Amiga! Larga esse orgulho! – Fechei os olhos lembrando das palavras da carta. Era o que Marcelo dizia, então agora eu tinha certeza de que todas as vezes ele se referia ao Luan.
- Tudo bem! Não tem problema, pelo menos ele é de confiança. – Suspirei.
Enzo buzinou e nós fomos para o seu carro.
Foram muitas pessoas e só amigos, claro, já que eu não conseguia contato com ninguém da família, mas ele tinha muitos amigos, que até eu me assustei um pouco.
Chorei mais ainda com as palavras que o padre dizia e assim que seu caixão foi colocado no túmulo.
Me despedi de algumas pessoas dali e fui abraçada com a minha amiga, até o estacionamento do cemitério.
- Carol... – Escutei aquela voz e me virei rápido.
- Luan? Tá fazendo o que aqui? – Vi Eloá entrando no carro e fui até onde ele estava, um pouco mais pra trás.
- Você tá bem?
- Vou ficar...Era o pai da minha filha. – Uma lágrima desceu no meu rosto e ele me abraçou forte. Não tinha como recusar aquele abraço.
Firmei minhas mãos em volta de seu ombro e voltei a chorar, como a minutos atrás.
- Eu vou está do seu lado, do seu e da Dudinha.
- Falar nela, onde está? – Me afastei dele, limpando as lágrimas.
- Com a minha mãe.
- Não deu trabalho?
- Ela nunca dá trabalho. Só ficou com saudades de você de noite, mas eu cantei pra ela e ela dormiu rápido. – Sorri sem mostrar os dentes e encarei o chão.
- Obrigada por tudo que está fazendo. Você tem um coração enorme.
- Eu já disse que faço tudo pra quem eu amo! – Lhe abracei forte de novo.
- Vou buscar ela...
- Vamos fazer assim, eu te levo pra casa, você se troca e nós vamos almoçar. Depois passamos na minha casa e pegamos a Duda.
- Eu não quero dar trabalho a sua mãe...
- Não é trabalho nenhum! Já disse que todos amam a Eduarda lá em casa. – Concordei.
Eloá já tinha ido com Enzo e eu nem tinha percebido, então entrei em seu carro e fomos em silêncio até a minha casa. Ele pegou na minha mão em certo ponto e eu não questionei. Fomos assim até em casa.
Tomei um banho, lavei a cabeça para ver se esfriava um pouco e desci até a sala, onde Luan me esperava mexendo no celular.
- Vamos?
- Vamos!- Ele se levantou.
No carro, tomou coragem de me perguntar sobre Marcelo.
- Eu nem sei direito porque ele fez tudo isso...
- Você não tem idéia de nada? – Ele me olhou rapidamente.
- Não. Ele só me deixou uma carta.
- Sério? – Assenti.
- Mas só diz que ele precisava fazer isso, que já queria. Tem coisas lindas escritas, inclusive... – Parei de falar e o olhei.
- Inclusive? – Ele queria que eu continuasse. Continuei calada e ele me encarou no sinal vermelho.
- Não é nada...Ele disse pra eu ser feliz, só. – O sinal abriu e ele arrancou com o carro.
- Tenho medo que ele tenha feito isso porque eu...
- Nem termina! Não tem nada a ver com você, Luan!
- Você acha?
- Tá doido? Lógico que não, acho que ele era infeliz e eu não sabia. Não tinha família direito, ele vivia na farra pra não ficar sozinho.
- Ao mesmo tempo que a pessoa tem todo mundo em volta, não tem ninguém!
- Você sabe bem como é isso, não é? – Lhe encarei, me lembrando de suas consultas comigo, assim que lhe conheci.
- Sei sim e você foi a pessoa que mais me ajudou, podia ter ajudado ele também.
- Eu bem que tentava! – Suspirei. – Mas como ele disse na carta, as vezes era o destino dele mesmo.
Almoçamos em um clima melhor, ele me distraia fazendo brincadeiras e contando coisas engraçadas, me fazendo até sorri.
Estávamos voltando para o carro, assim que terminamos, quando ele me parou.
- Vamos ali? Tem um banco.
- Não é perigoso pra você?
- Não, eu venho aqui sempre, é tranqüilo. – Concordei com ele.
Nos sentamos em um banco, de frente para uma praça linda do lado do restaurante.
- O que foi? – Lhe perguntei.
- Eu queria perguntar se você me aceita de volta como seu amigo. Só amigo. – Ele disse, antes que eu dissesse algo.
- Só amigo. – Sorri fraco e ele também, me abraçando. – Tenha paciência comigo? Principalmente agora.
- Eu tenho toda do mundo! – Recebi um beijo na nuca de surpresa e me arrepiei.
Fomos até a sua casa e quando cheguei, já escutei a risada da pequena da porta, me dando mais certeza do quão estava sendo bem tratada.
Ela correu para me abraçar, assim que me viu e eu agradeci aos pais e a irmã do Luan, abracei a todos que já sabiam do acontecido e me disseram coisas bonitas, com certeza o Luan tinha contado. Ainda insistiram para que eu comesse um bolo, que já estavam comendo e Eduarda também queria terminar de comer, então não tive escolha.
- Não precisa, dona Marizete.
- Claro que precisa! – Ela insistia e cortava um pedaço generoso do bolo para que eu levasse para casa.
Me despedi deles e Luan nos levou de volta para casa. Eduarda já saiu correndo assim que abri a porta de casa.
- Quer que eu te ajude a contar pra ela? – Negaria, mas pensei bem.
- Quero! –Ele se surpreendeu, mas sorriu.
Entramos e ela já via TV, Luan se sentou ao seu lado e eu desliguei a televisão.
- Mamãe, eu tava vendo! – Ela cruzou os braços.
- Filha.. – Me sentei no tapete, em sua frente. – Nós temos uma coisa pra te contar.
- O que é?
- O seu pai, ele...Foi morar em outro lugar.
- Aonde? – Ela prestava a atenção.
- Ele foi morar no céu, junto com o vovô e a vovó. Lembra?
- Lembro...
- Ele foi pra lá também.
- E eu nunca mais vou poder ver ele também? – Me cortou o coração ter que responder aquela pergunta e eu encarei o chão.
- Não vai ver ele pessoalmente, mas sempre vai ter a foto de vocês pra matar a saudade e ele sempre vai tá vivo no seu coração. – O Luan falou e eu lhe olhei, agradecendo.
- Eu não queria que ele fosse...
- Nem eu, meu amor! Mas aconteceu.
- Olha, eu vou pegar essa foto. – Luan disse e pegou a foto de Eduarda e Marcelo, que tinha em cima da mesa de centro. – Vou mandar ampliar e colocar em um porta retrato que eu vi e é a sua cara. Pra você colocar no seu quarto e rezar pro seu pai todos os dias. – Me emocionei com suas palavras.
- E ele vai me ouvir?
- Eu tenho certeza que sim! – Ele sorriu para ela, que lhe abraçou.

- O seu pai te ama muito e vai tá te olhando e te protegendo de onde estiver e nunca vamos esquecê-lo! – Eu disse sorrindo fraco, me lembrando da carta.

5 comentários:

  1. nossa tadinha da duda continua
    cátia

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  2. Nooossa Que Perfeição *u* ♥ Tadinha Da Duda :x

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  3. Chorei :'( Tadinha da Duda !! Continua!!

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  4. nossa cara q capitulo triste :/
    me fez lembrar quando a minha vizinha morreu dai o pai da filha dela de 4 anos foi falar
    pra menina, ele disse a ela q a mãe dela foi morar com Jesus e q ela ñ ia mais poder ve-la
    ai a menina disse ao pai q queria ir morar com Jesus tbm pra ficar com a mãe ;/
    tipo mexeu mt comigo esse capitulo, pela duda q me fez lembrar ela ain :'(

    @lightlrds

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