Fui jantar com a
minha amiga em um clima super tenso. Ela via meu rosto inchado de chorar e
suspirava.
- E a carta? – Ela
perguntou em um sussurro.
- É linda! Eu vou
guardar com todo meu amor. – Sorri franco e ela retribuiu.
Acabamos de comer em
silêncio e me levantei, alegando ir dormir.
Peguei no sono
rápido, por estar com a cabeça cheia e bem cansada.
Acordei no outro dia
e minha cabeça já pesou de novo, assim que lembrei que seria o enterro de
Marcelo.
Tomei um banho e me
vesti. Assim que desci, Eloá já tomava seu café da manhã arrumada e eu me
juntei a ela.
- Carol, tenho outra
noticia pra você. – Ela disse, assim que eu acabei de comer.
- Fala! – Suspirei.
- Ele se envenenou. –
Olhei para o chão, em busca de uma explicação para aquilo. – E ele estava
drogado. – Voltei a lhe olhar surpresa.
- Quem esteve aqui?
- A perícia saiu e
ligaram pra você, mas eu disse que poderiam me dizer.
- Por que ele fez
isso? – Lhe olhei, como se pudesse me dar uma explicação.
- Ele não explicou na
cara?
- Ele só escreveu
coisas bonitas na carta, parecia que não tinha coragem de me dizer, sabe? Ele
disse no começo que me daria uma explicação, mas não deu concretamente, só deu
a entender que ele queria fazer isso.
- Eu nem sei o que
dizer, amiga.
- Nem eu! Ele estava
limpo a tempos, amiga! Eu mesma lhe convenci e...Ele escreveu a carta uma
semana antes.
- Então ele já
planeja mesmo isso. – Assenti. Abracei minha amiga e chorei em seu ombro.-
Olha, a Duda não está com a minha mãe.
- Como não, Eloá? –
Levantei minha cabeça assustada.
- Meus pais foram
viajar e, eu deixei ela com o Luan.
- O que? Como assim?
A gente nem tá se falando.
- Calma, tá? Ele veio
até aqui fazer as pazes com você, mas você tirou o nome dele de autorizados da
lista do condomínio.
- Lógico! Eu não
quero mais ver ele!
- Ele me ligou e eu
liberei a entrada dele. Fomos para a minha casa e ele me falava o que ia te
falar, queria muito que você o perdoasse, coitado. Nesse meio tempo você me
ligou e depois que eu vim eu tive a idéia de deixar a Duda com ele, se não como
eu ficaria do seu lado? Não posso te deixar sozinha...Amiga! Larga esse
orgulho! – Fechei os olhos lembrando das palavras da carta. Era o que Marcelo
dizia, então agora eu tinha certeza de que todas as vezes ele se referia ao
Luan.
- Tudo bem! Não tem
problema, pelo menos ele é de confiança. – Suspirei.
Enzo buzinou e nós
fomos para o seu carro.
Foram muitas pessoas
e só amigos, claro, já que eu não conseguia contato com ninguém da família, mas
ele tinha muitos amigos, que até eu me assustei um pouco.
Chorei mais ainda com
as palavras que o padre dizia e assim que seu caixão foi colocado no túmulo.
Me despedi de algumas
pessoas dali e fui abraçada com a minha amiga, até o estacionamento do
cemitério.
- Carol... – Escutei
aquela voz e me virei rápido.
- Luan? Tá fazendo o
que aqui? – Vi Eloá entrando no carro e fui até onde ele estava, um pouco mais
pra trás.
- Você tá bem?
- Vou ficar...Era o
pai da minha filha. – Uma lágrima desceu no meu rosto e ele me abraçou forte.
Não tinha como recusar aquele abraço.
Firmei minhas mãos em
volta de seu ombro e voltei a chorar, como a minutos atrás.
- Eu vou está do seu
lado, do seu e da Dudinha.
- Falar nela, onde
está? – Me afastei dele, limpando as lágrimas.
- Com a minha mãe.
- Não deu trabalho?
- Ela nunca dá
trabalho. Só ficou com saudades de você de noite, mas eu cantei pra ela e ela
dormiu rápido. – Sorri sem mostrar os dentes e encarei o chão.
- Obrigada por tudo
que está fazendo. Você tem um coração enorme.
- Eu já disse que
faço tudo pra quem eu amo! – Lhe abracei forte de novo.
- Vou buscar ela...
- Vamos fazer assim,
eu te levo pra casa, você se troca e nós vamos almoçar. Depois passamos na
minha casa e pegamos a Duda.
- Eu não quero dar
trabalho a sua mãe...
- Não é trabalho
nenhum! Já disse que todos amam a Eduarda lá em casa. – Concordei.
Eloá já tinha ido com
Enzo e eu nem tinha percebido, então entrei em seu carro e fomos em silêncio
até a minha casa. Ele pegou na minha mão em certo ponto e eu não questionei.
Fomos assim até em casa.
Tomei um banho, lavei
a cabeça para ver se esfriava um pouco e desci até a sala, onde Luan me
esperava mexendo no celular.
- Vamos?
- Vamos!- Ele se
levantou.
No carro, tomou
coragem de me perguntar sobre Marcelo.
- Eu nem sei direito
porque ele fez tudo isso...
- Você não tem idéia
de nada? – Ele me olhou rapidamente.
- Não. Ele só me
deixou uma carta.
- Sério? – Assenti.
- Mas só diz que ele
precisava fazer isso, que já queria. Tem coisas lindas escritas, inclusive... –
Parei de falar e o olhei.
- Inclusive? – Ele
queria que eu continuasse. Continuei calada e ele me encarou no sinal vermelho.
- Não é nada...Ele
disse pra eu ser feliz, só. – O sinal abriu e ele arrancou com o carro.
- Tenho medo que ele
tenha feito isso porque eu...
- Nem termina! Não
tem nada a ver com você, Luan!
- Você acha?
- Tá doido? Lógico
que não, acho que ele era infeliz e eu não sabia. Não tinha família direito,
ele vivia na farra pra não ficar sozinho.
- Ao mesmo tempo que
a pessoa tem todo mundo em volta, não tem ninguém!
- Você sabe bem como
é isso, não é? – Lhe encarei, me lembrando de suas consultas comigo, assim que
lhe conheci.
- Sei sim e você foi
a pessoa que mais me ajudou, podia ter ajudado ele também.
- Eu bem que tentava!
– Suspirei. – Mas como ele disse na carta, as vezes era o destino dele mesmo.
Almoçamos em um clima
melhor, ele me distraia fazendo brincadeiras e contando coisas engraçadas, me
fazendo até sorri.
Estávamos voltando
para o carro, assim que terminamos, quando ele me parou.
- Vamos ali? Tem um
banco.
- Não é perigoso pra
você?
- Não, eu venho aqui
sempre, é tranqüilo. – Concordei com ele.
Nos sentamos em um
banco, de frente para uma praça linda do lado do restaurante.
- O que foi? – Lhe
perguntei.
- Eu queria perguntar
se você me aceita de volta como seu amigo. Só amigo. – Ele disse, antes que eu
dissesse algo.
- Só amigo. – Sorri
fraco e ele também, me abraçando. – Tenha paciência comigo? Principalmente
agora.
- Eu tenho toda do
mundo! – Recebi um beijo na nuca de surpresa e me arrepiei.
Fomos até a sua casa
e quando cheguei, já escutei a risada da pequena da porta, me dando mais
certeza do quão estava sendo bem tratada.
Ela correu para me
abraçar, assim que me viu e eu agradeci aos pais e a irmã do Luan, abracei a
todos que já sabiam do acontecido e me disseram coisas bonitas, com certeza o
Luan tinha contado. Ainda insistiram para que eu comesse um bolo, que já
estavam comendo e Eduarda também queria terminar de comer, então não tive
escolha.
- Não precisa, dona
Marizete.
- Claro que precisa!
– Ela insistia e cortava um pedaço generoso do bolo para que eu levasse para
casa.
Me despedi deles e
Luan nos levou de volta para casa. Eduarda já saiu correndo assim que abri a
porta de casa.
- Quer que eu te
ajude a contar pra ela? – Negaria, mas pensei bem.
- Quero! –Ele se
surpreendeu, mas sorriu.
Entramos e ela já via
TV, Luan se sentou ao seu lado e eu desliguei a televisão.
- Mamãe, eu tava
vendo! – Ela cruzou os braços.
- Filha.. – Me sentei
no tapete, em sua frente. – Nós temos uma coisa pra te contar.
- O que é?
- O seu pai,
ele...Foi morar em outro lugar.
- Aonde? – Ela
prestava a atenção.
- Ele foi morar no
céu, junto com o vovô e a vovó. Lembra?
- Lembro...
- Ele foi pra lá
também.
- E eu nunca mais vou
poder ver ele também? – Me cortou o coração ter que responder aquela pergunta e
eu encarei o chão.
- Não vai ver ele
pessoalmente, mas sempre vai ter a foto de vocês pra matar a saudade e ele
sempre vai tá vivo no seu coração. – O Luan falou e eu lhe olhei, agradecendo.
- Eu não queria que
ele fosse...
- Nem eu, meu amor!
Mas aconteceu.
- Olha, eu vou pegar
essa foto. – Luan disse e pegou a foto de Eduarda e Marcelo, que tinha em cima
da mesa de centro. – Vou mandar ampliar e colocar em um porta retrato que eu vi
e é a sua cara. Pra você colocar no seu quarto e rezar pro seu pai todos os
dias. – Me emocionei com suas palavras.
- E ele vai me ouvir?
- Eu tenho certeza
que sim! – Ele sorriu para ela, que lhe abraçou.
- O seu pai te ama
muito e vai tá te olhando e te protegendo de onde estiver e nunca vamos
esquecê-lo! – Eu disse sorrindo fraco, me lembrando da carta.
que emoçao pura nese capitulo :o
ResponderExcluirnossa tadinha da duda continua
ResponderExcluircátia
Nooossa Que Perfeição *u* ♥ Tadinha Da Duda :x
ResponderExcluirChorei :'( Tadinha da Duda !! Continua!!
ResponderExcluirnossa cara q capitulo triste :/
ResponderExcluirme fez lembrar quando a minha vizinha morreu dai o pai da filha dela de 4 anos foi falar
pra menina, ele disse a ela q a mãe dela foi morar com Jesus e q ela ñ ia mais poder ve-la
ai a menina disse ao pai q queria ir morar com Jesus tbm pra ficar com a mãe ;/
tipo mexeu mt comigo esse capitulo, pela duda q me fez lembrar ela ain :'(
@lightlrds