Capítulo 101

Eu acabei de ver todas as fotos e desliguei o celular, para que não apitasse mais.

Me deitei na cama e me permitir chorar. Eduarda se aconchegou em mim, enquanto dormia, e eu acariciei seus cabelos.

- É...Seu pai já tá seguindo com a vida dele, acho que eu vou ter que fazer o mesmo. – Sussurrei. – Só não sei se eu consigo! – Deixei que mais lágrimas caíssem dos meus olhos e fechei os mesmo.

Acordei com uma dor de cabeça terrível, e quando me olhei no espelho, quase gritei de susto. Eu estava horrível, com os olhos vermelhos, cheia de olheiras e o rosto muito inchado. Eduarda ainda dormia, então fui tomar um banho.

Tomei meu café da manhã e estava vendo TV quando ela apareceu na sala.

- Oi, meu amor. Dormiu bem? – Ela se deitou no meu colo e assentiu.

- To com fome, mamãe.

- É melhor já almoçarmos, não é? Já é tarde...Você anda muito dorminhoca. – Ela riu esfregando seus olhos. – Vamos no mercado comprar comida congelada, porque eu não to animada pra cozinhar. – Sorri fraco.

- Pode ser babatinha frita?

- Pode ser, sua gulosa! – Arrumei Eduarda e logo depois vesti uma roupa simples.

Estávamos escolhendo uns biscoitos recheados, estiquei os braços para pegar o que estava na alto, mas eu não dava altura, nem na ponta dos pés.

Vi uma mão pegar o biscoito e me entregar, olhei para o lado e vi Vinícius sorrindo pra mim.

- Nossa, você por aqui? Tá me seguindo, é? – Ri e ele também.

- Não to te seguindo, só vim passar as férias aqui na casa da minha tia.

- Ah...

- Você mora aqui, não é?  - Assenti. – Podia ir comigo passear por aí. – Ele disse sem jeito.

- Agora? – Assentiu. – Você já almoçou?

- Não, podemos almoçar em um restaurante.

- Vamos lá pra casa, então.

- Posso mesmo?

- Claro...Mas hoje a comida não é muito boa. – Apontei para o meu carrinho e ele riu.

Fomos para minha casa e eu fritei batatas e fiz um bife acebolado.

Nos sentamos na mesa e começamos a comer em silêncio.

- Nossa, isso porque a comida não iria estar boa. – Vinícius disse e eu sorri.

- É...Não está tão ruim assim.

- Quê isso! Eu não daria nada por você na cozinha.

- Ah, que bobo! Eu sou muito boa na cozinha.

- Agora sim eu acredito. – Ele disse sem tirar os olhos de mim, me deixando completamente sem graça.

Eduarda foi brincar no quarto depois do almoço e nós nos sentamos na sala para conversarmos.

- O que você faz da vida?

- Eu me formei a dois anos em medicina.

- Jura?

- Sério, era o meu sonho e eu consegui.

- Nossa, parabéns! Eu acho muito linda essa profissão. Você é médico geral?

- Sou!

- Sabia que conseguiria, sempre estudou muito.

- Sempre fui nerd, você quis dizer. – Ele gargalhou e eu lhe acompanhei.

- É...

- Eu prometi na escola mesmo que eu mudaria e eu mudei. Acho que pra melhor, você não acha?

- (risos) Eu acho que você é muito convencido. – Dei um tapa em seu braço e depois fiquei sem jeito.

- E...Você e o Luan? – Ele perguntou sem graça.

- Ah...Não era pra ser. – Dei de ombros.

- Você não tá ligando?

- To e muito! Mas se é assim, eu vou respeitar.

- E a culpa é toda minha, não é? Me desculpa se eu entrei na sua vida só pra acabar com ela, Carol.

- Calma! Eu já disse que a culpa não é sua. O Luan é cabeça dura demais e isso foi bom acontecer por agora. Quando mas o tempo passa, mais doloroso fica.

- Vocês pretendiam se casar?

- Pelo menos eu não. – Ri. – Assim, lógico que algum dia, mas já pensando nisso, não mesmo.

- Por que? Se fosse outra no seu lugar já estaria.

- Pois é, eu sou meio diferente. Eu tenho um pouco de trauma de certas coisas, de casamento eu nem sei por que, mas de homem eu tinha e muito.

- Por que você engravidou cedo?

- Também...Porque eu gostava do Marcelo a tempos e ele não me correspondia e quando fingiu, ele me engravidou e me chutou. - Ri fraco.

- Você acha que ele não gostava de você?

- Não sei mais de nada...Isso é um interrogatório, é?

- (risos) Não, só curiosidade. Eu fiquei sabendo que ele faleceu.

- Pois é, apesar de tudo isso, ele era uma boa pessoa, eu peço a Deus todos os dias para que acolha ele em um lugar bom lá em cima.

- Tenho certeza que sim...Você também é uma pessoa muito boa.- Ele me olhou nos olhos e eu como sempre, fiquei sem graça com aquilo.

Sem que eu percebesse as lágrimas dos meus olhos começaram a descer e ele limpou com seus dedos. O olhei e ele se aproximava.

Iria me afastar, quando lembrei das fotos que vi do Luan. Sei que era coisa tosca, coisa de criança querer dá o troco, mas eu estava carente, com ódio dele por pegar a primeira que viu pela frente e ainda fazer questão de esfregar na minha cara que estava seguindo em frente.

Vinícius se afastou, quando percebeu meus pensamentos longes, mas eu não deixei ele chegar muito para trás e o puxei pela nunca, para um beijo.

Não era nem um pouco ruim, era muito bom, mas nada se comparava ao beijo dele.

- Carol, desculpa eu está te pressionando. – Ele disse, assim que nos afastamos.

- Fui eu que te beijei...Não tem que pedir desculpas. – Ele sorriu.

- Bom...Então eu já vou, se precisar de qualquer coisa me liga?

- Pode deixar!

- Fica bem, tá bom? – Assenti e ele beijou minha mão, antes de sair dali.

Naquela hora eu já não sabia mais o que fazer da vida, já estava completamente perdida, sem saída, sem saber pra onde correr, sem um colo de mãe pra eu poder deitar e chorar.

Então me lembrei da minha tia, liguei para ela, que por um milagre estava em casa e desabafei tudo por telefone mesmo.

- Vem pra cá com a Duda, Carol.

- Eu não sei, tia...

- O seu tio ainda está trabalhando, eu já entrei de férias, mas ele que dirige. Vem pra cá ficar com a gente, vai te fazer bem.

- Então tá. Eu vou aí ficar com vocês. Amanhã de manhã eu saio daqui.

- Ta bom, minha filha, vem com cuidado.

- Tudo bem, tia! Manda beijo pra todos aí. Te amo! – Me despedi dela e me joguei no sofá.

No outro dia, como o combinado, eu acordei cinco horas da manhã, me arrumei e chamei Eduarda. Fui dirigindo devagar, já que a minha cabeça estava longe.

Bruna me ligou no meio do caminho e eu atendi e coloquei no viva- voz.

- Oi, Bruna.

- Carol, você tá em casa?

- To indo pra casa dos meus tios, Bru. Preciso de um colo de mãe e me distrair, sabe?

- Sei sim, faz muito bem! Aproveita, tá bom?

- Vou aproveitar sim...O que você queria?

- Ia falar pra gente marcar uma noite do pijama na sua casa, pra gente te distrair, mas tenho certeza que sua tia fará isso melhor. – Conversamos mais alguns minutos e nos despedimos.

Assim que chegamos a casa da minha tia, fui abraçar a todos, que já não via a algum tempo.

Abracei Lara por último, que me olhava desconfiada.

- O que foi, em?

- Você e o Luan terminaram mesmo, Carol? – Suspirei.




GENTE, NÃO ESTAMOS NA RETA FINAL KKK VCS LERAM ERRADO.