Capítulo 99

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Os dias foram se passando, eu ainda não me conformava que não teria mais Luan comigo, mas teria que me acostumar. Contei Eloá tudo que tinha acontecido conosco e ela só podia ir todos os dias na minha casa para me entreter e tirar pelo menos metade daquela tristeza toda embora.

Na véspera do ano novo, ela insistia para que eu fosse com ela e Miguel para o Rio de Janeiro. Eles passariam na praia de Copacabana e ficariam três dias por lá, voltariam um dia depois do ano novo. Eu estava em duvida se iria, mas se ficasse ali iria ficar sozinha.

- Tá bom, eu vou! – Disse e minha amiga festejou. – Que horas sairemos?

- As 16:00, então agiliza aí!

- Pode deixar...

- Pra onde a gente vai, mãe? – Eduarda, que nos observava, falou.

- Vamos passar o ano novo no Rio, com a tia Eloá e o tio Miguel.

- O papai também vai? – Suspirei e me sentei ao seu lado.

- Filha, a mamãe já te explicou que eu e seu pai não estamos mais juntos.

- Mas o ele podia ir com a gente.

- Ele não vai conosco.

- Ah, então eu não quero ir! – Ela cruzou os braços.

- Você não tem querer! – Eu olhei séria para ela.

A campainha tocou e Eloá que foi atender, enquanto Eduarda ainda fazia cara de manha com os braços cruzados.

- Pai! – Ela levantou correndo, assim que viu o Luan e ele se abaixou para lhe pegar no colo.

- Ei, que carinha é essa?

- A minha mãe quer que eu vou com ela e você não vai, então eu também não vou. – Ela disse tudo embolado e ele riu sem entender.

- O que aconteceu, Carol?

- Eu vou passar o ano novo com a Eloá no Rio e Eduarda não quer ir.

- Você vai passar o ano novo lá? – Ele me encarava e eu fiquei sem jeito.

- Vou.

- Duda...Você tem que ir com a sua mãe.

- Eu não quero e não vou! – Ela fez um bico do tamanho do mundo.

- Eu já disse que você não tem querer e se eu estou falando que você vai, você vai. – Me levantei, enquanto ela me olhava.

- Deixa eu ficar com você, papai? Por favor! Eu não quero ir pra lá.

- Por que você não fica aqui, Carolina? Vai lá pra casa.

- Não, Luan... – Eu falei sem jeito.

Eu nunca aceitaria isso, a vergonha que eu passaria, não tem preço.

- Deixa ela ficar comigo, então? Quando você volta?

- Depois de amanhã.

- Então, deixa ela ficar? – Suspirei sem saber o que fazer.

Eu não podia acostumar minha filha tão mal assim, de fazer todas suas vontade e ficar grudada no Luan, por que logo ele voltaria a seus shows, mas também, eu odiava lhe ver chorando, sabia que não era apenas manha, ela amava ele de verdade, queria que nós ficássemos juntos, mas aquilo não era possível.

- Tudo bem!

- Eu vou poder ficar? – Ela perguntou animada e eu assenti com um meio sorriso.

Arrumei minhas malas e as 15:00 Luan foi buscar Eduarda, eu já estava indo para o aeroporto.

- Se comporta, por favor. – Me abaixei e beijei seu rosto, enquanto ela assentia.

- Tchau, mamãe.

- Tchau, meu amor! Te amo! – Lhe apertei em um abraço, até ela reclamar.

Fiquei sem saber como me despediria do Luan, nós dois estávamos sem graça.

Então com um meio sorriso, eu acenei para ele, mas antes mesmo de eu dar um paço, ele segurou meu braço e me puxou para um abraço. Estava sentindo tanta falta daquele abraço, inalei seu cheiro o máximo que eu pude.

- Fica bem! – Ele sussurrou.

- Você também! – Respondi no mesmo tom.

Nos soltamos devagar, então eu fui para o taxi, onde Eloá e seu marido me esperavam.

Fui pensando naquele nosso abraço até o Rio de Janeiro, foi intenso. Ele me abraçou como se não fosse me abraçar mais por um bom tempo e meu coração pesava, só de imaginar isso.

Me arrumava tão desanimada, que nem parecia que era ano novo, estava sentindo falta da minha filha também, já que nunca tínhamos passado natal ou ano novo separadas.

Descemos até a praia de Copacabana, uma hora antes de meia noite e enquanto Eloá e Miguel estavam animados por estarem ali, eu estava quase morta.

- Se anima, mulher! Você vai ver os fogos de Copacabana! – Minha amiga disse rindo, mas de nada adiantou. Apenas sorri fraco para ela.

- Saudades da minha pequena manhosa. – Fiz careta.

- Só dela? – Ela riu mas eu ignorei seu comentário – Parem de bobeira e voltem logo, vocês nasceram pra ficarem juntos.

- Ah, nascemos. O Luan é muito complicado pro meu gosto, ultimamente mais que o normal. Ele não acredita em mim, não confia em mim, então não dá mais.

- Vocês dois são orgulhosos.

- Pode até ser, mas do jeito que está, não dá mais. – Dei de ombros e ela revirou os olhos.

Pelo menos os fogos estavam sendo lindos, fiquei hipnotizada olhando para o céu, junto de milhares de pessoas que também estavam ali só pra isso.

Fechei os olhos e fiquei imaginando como Luan estaria naquele momento. Sabia que estava fazendo um show em algum lugar de São Paulo, já que ele tinha me dito que faria a virada de ano lá, só que em cima do palco, mas queria saber como ele estava se sentindo.

Voltei para o hotel, assim que os fogos acabaram, mesmo minha amiga insistindo para que eu ficasse lá com eles. Não estava nem um pouco no clima.

Assim que cheguei no meu quarto do hotel e tirei minhas sandálias, meu celular tocou e eu sorri ao ver o nome de Bruna na tela.

- Oi, Bruninha.

- Tudo bem, Carol? – Estava um tremendo barulho atrás dela.

- Tudo bem e com você?

- Tudo bem...Queria você aqui.

- Eu também queria estar aí, mas não foi possível. – Suspirei.

- Você tá com uma voz tão triste.

- Eu to meio pra baixo mesmo...Eu gosto do seu irmão.

- Eu sei que sim, e ele também gosta tanto de você.

- Será que isso vai passar?

- Tenho certeza que sim e vocês ainda vão se acertar. – Ri fraco.

Falei com Eduarda também e ela me dizia o quanto estava sendo legal passar o ano novo no show do Luan, que só estava triste por estar longe de mim.

Voltei a falar um pouco com Bruna, mas logo nos despedimos.

- Ah, feliz ano novo! Já estava me esquecendo. – Ela disse e eu ri.

- Feliz ano novo! E manda um beijão pra todo mundo aí.

- Pode deixar, Carolzinha! Beijos!

- Beijos, Bruna! – Me joguei na cama de olhos fechados.

Tirei aquela roupa e nem tomei banho, já que eu nem tinha suado.

Liguei para recepção do hotel e pedi um lanche para mim. Comi, me deitei na cama e adormeci tão rápido que nem me dei conta.

Acordei com meu celular tocando sem parar. Eram quase quatro horas da manhã e eu me assustei, com medo de ter acontecido alguma coisa com Eduarda.

Atendi rápido, sem nem ver quem era.

- Alô?

- Carol? – Reconheci a voz do Luan.

- Luan, aconteceu alguma coisa? Foi com Eduarda?

- Não aconteceu nada! – Ele estava com a voz diferente e bastou mais algumas palavras, que eu não identifiquei quais eram, para eu ter certeza de que tinha bebido.

- Você bebeu.

- Pra ver se aliviava minha dor. – Agora ele parecia chorar e eu fechei meus olhos suspirando. – Em você não tá doendo não?

- Tá doendo sim, Luan, mas não tem mais nada que possamos fazer.

- Por que você mentiu pra mim? Por que deixou aquele idiota te beijar, Carolina?

- Eu não tive culpa! – Disse entre dentes.

- Você era pra ter mais consideração comigo...Agora estaríamos felizes. – As minhas lágrimas também caíram.

- Eu não vou levar em consideração nada que você tá falando, Luan. Você está bêbado.

- Não tem nada demais nisso, pelo contrário, pelo menos eu vou poder dizer tudo que está engasgado. Eu te amo, cara. Que ódio de mim por isso!

- Eu também te amo e nem por isso tenho ódio de mim, idiota!

- Até porque eu não faria uma coisa dessas com você. – Ele disse mais baixo e eu suspirei.

- Vai tomar um banho e ir dormir, Luan. Aonde você está?

- Indo pra casa.

- De quê? Tem mais alguém aí com você?

- Não...To dirigindo e to sozinho.

- Você tá doido? Você pode bater!

- E o que isso importa? Eu to sofrendo, se eu morro, vai ser até melhor.

- Para de dizer besteira! – Quase grite.

- Eu...Vou desligar.

 - Luan, toma cuidado.

- Feliz ano novo! – Foi a última coisa que ele disse, antes de desligar na minha cara.

Ele dirigindo bêbado, por minha causa, se acontece alguma coisa com aquele idiota eu me culparia para o resto da minha vida.

Me deitei na cama e por causa disso, quase não dormir.