quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Capítulo 89




- Vem brincar comigo, papai. – Ela se jogou em cima dele, agarrando seu pescoço e ele riu sonolento.
- Mas já?
- Já tá tarde, até já papei.
- Já almoçou? – Ela assentiu e eu me assustei.
Olhei no relógio que marcava duas horas da tarde.
Me levantei e fui para o banheiro me arrumar, quando voltei, Luan já vestia sua bermuda.
- Bora?
- Pode ficar dormindo, amor...
- Não, eu vou com vocês! – Ele selou meus lábios e nós descemos.
Fiquei envergonhada por ter sido a ultima a acordar junto com Luan, mas logo passou e eu almocei com ele, enquanto conversávamos com seus pais.
- Gostou da unha da Duda, Carol? Eu pintei de vermelho porque foi só o que eu achei na minha bagunça e ela queria tanto. Você se importa? – Bruna chegou falando.
- Eu vi sim, ela me mostrou. – Rimos. – Não mesmo, não ligo pra isso. Pode pintar de qualquer cor.
- Deixa eu ver. – Luan pediu e Eduarda lhe mostrou. – Gostei disso não, Bruna. Podia ser uma cor mais clara.
- Acabei de dizer que foi o único que eu achei. – Ela revirou os olhos.
- Tá feio? – Eduarda olhou sua própria mão.
- Lógico que não, tá linda! O Luan que é um bobo. – Bruna lhe respondeu, enquanto Luan fazia careta e minha filha olhava para eles confusa, fazendo eu e seus pais rir.
Acabamos de comer e Eduarda insistiu tanto, que fomos passear com o bobi pelo condomínio, com a coleira de puff emprestada. Os cachorrinhos já estavam se dando bem e nem precisavam mais ficar separados.
Passamos em uma sorveteria e paramos na pracinha mais próxima da casa do Luan.
Luan ficou segurando a coleira do bobi enquanto Eduarda se balançava em um balanço, que ficava um pouco afastado dos banquinhos da praça, mas lógico, que dava para ver ela de onde estávamos e não tinha ninguém ali também.
- Filha, vai devagar que você vai cair. – Foi só eu falar que ela foi direto pro chão.
Me levantei, assim que começou a chorar e dei meu sorvete para que Luan segurasse, mas vi que um moço lhe pegava no colo e andava com ela em minha direção.
Ele estava com um fone de ouvido, bermuda e tênis, acho que corria por ali.
- É sua filha? – Ele me entregou ela.
- É sim...Obrigada! – Ele sorriu de volta. – Eu disse pra ir devagar, acho que só ralou o joelho. – Eu disse a Eduarda.
- Tá doendo! - Ela gritava com a mão na perna.
- Deixa eu dar uma olhada? Sou médico e posso ver se ela quebrou a perna. – O rapaz disse.
- Ah, pode sim...
- Caíque! – Ele examinou sua perna com a mão mesmo e perguntava a ela onde doía. – Mexe a perna pro tio ver. – Ela mexeu, ainda chorando. – Não quebrou, mas pode ter deslocado, é melhor você passar em um hospital com ela. – Ele me disse e eu assenti.
- Obrigada!
- O que é isso...
- Carolina!
- Então, Carolina, não tem de quê, pelo contrário, eu faço questão de ajudar principalmente mulheres bonitas. – Fiquei tímida e vi Luan se levantar do meu lado.
- Vamos levar ela então, amor? – Ele disse e eu assenti.
- Oi, tudo bem? – O rapaz cumprimentou Luan que retribuiu com um sorriso fechado. – Luan Santana, primeira vez que te vejo andando pelo condomínio.
- Pois é, não sou muito de andar por aqui não.
- Ah...Ela é sua parente? – Apontou para mim.
- Minha mulher...Vem filha, vamos pro hospital pra ver esse dodói. – Ele pegou Eduarda do meu colo, me entregando a coleira do bobi e nós nos despedimos do rapaz, que estava extremamente sem graça.
- Sorte você tem! A pequena é a sua cara. – Saímos dali sem Luan lhe responder.
- O que foi? Vamos pro hospital mesmo? – Falei, enquanto andávamos em direção a sua casa.
- Nada...Vamos ué! – Não falei mais nada.
Pegamos o seu carro e fomos direto para o hospital, com ele quieto o caminho inteiro.
- Fala o que você tem, amor!
- Só não agüento esses idiotas dando em cima de você na minha cara, nem me respeitam mais.
- Hã? Você tá assim por causa daquele rapaz?
- Idiota!
- (risos) Luan! Como você é bobo. – Ele respirou pesado.
- “Eu faço questão de ajudar, principalmente mulheres bonitas.” – Luan imitou o que o cara tinha me dito e eu gargalhei. Abriu a janela do carro e cuspiu para o lado de fora.
- Ôh, seu porco ciumento!
- Sou eu, né? – Ele me olhou.
- É bom pra você saber o que eu passo. – Ele fez careta e eu sorri. – Já é a segunda pessoa que fala que a Eduarda se parece com você. – Virei minha cabeça para lhe olhar no banco de trás. – Em algumas coisas ela se parece sim, mas fisicamente...Daqui a pouco eu também vou começar a achar. – Ri.
- Acho que a convivência faz isso. – Ele sorriu.
Graças a Deus Eduarda não descolou a perna nem nada, a doutora que nos atendeu me passou um remédio para dor e um spray para o ralado de seu joelho.
Ela já tinha parado de chorar, mas seu rosto ainda continuava vermelho e fazia manhã.
- Quase não comi meu sorvete. – Ela cruzou os braços dentro do carro e nós rimos.
- Não? – Luan perguntou e ela negou.
- Que saco! – Fez bico.
- Fica assim não, filha, a gente passa na sorveteria de novo. Pode ser? – Ele disse e ela sorriu.
- Pode! Eu quero de morango agora. – Ri.
Chegamos na casa do Luan e como o caminho inteiro, Eduarda nos lembrou mais uma vez de seu sorvete. Apenas falamos com os pais do Luan que estava tudo bem com ela e Luan teve que lhe pegar no colo para irmos até a sorveteria, que não era longe daqui.
- Vai andando, filha.
- Não, mamãe, tá dodói minha perna. – Ela fez bico e eu neguei com a cabeça.
- Sei...Tá é se aproveitando da situação, né?
- (risos) Deixa ela, eu deixo se aproveitar de mim! – Luan beijou seu rosto e ela sorriu vitoriosa pra mim.
- Você também, em! – Reclamei.
Compramos seu sorvete e voltamos caminhando devagar.
- Ah não! – Luan disse e eu o olhei confusa.
- O que? – Olhei para onde ele olhava e ri.
- Oi, tá tudo bem com ela? – O rapaz da praça se aproximou.
- Tá sim, Caíque!
- Que bom! Qualquer coisa que precisar...
- Pode deixar! – Eu sorri sem jeito.
Me despedi dele e voltamos a caminhar, com o Luan de cara fechada o resto do caminho.
- Você ainda lembra o nome desse idiota? – Ele me olhou indignado depois de alguns segundos em silêncio.
- Ué, Luan. Eu tenho a memória boa, ele me falou seu nome a pouco tempo. – Dei de ombros.
- Que saco, cara! Se esse cara resolver ficar no seu pé mesmo, nunca mais vamos andar nesse condomínio a pé. – Revirei os olhos.
Pegamos bobi em sua casa e fomos para a minha, onde ele dormiria mais uma vez.
Ainda estava de cara amarrada e ficou daquele jeito, até a noite. Dei comida Eduarda, lhe coloquei para dormir e voltei para o meu quarto, onde ele via TV.
- Vai ficar com essa cara mesmo? – Entrelacei minha perna nas dele, apoiei minha mão esquerda em sua barriga e meu queixo em seu peito.
- Por que todo mundo tem que dar em cima de você, em? – Ele me olhou.
- Que exagero! Até parece que eu sou a mulher mais cobiçada do mundo. Você é muito mais que eu.
- Mas homens são mais ousados... Ah Deus, por que fui arrumar essa mulher? – Ele olhou pra cima e eu o olhei indignada. Abri minha boca para reclamar, mas antes que saísse alguma palavra ele me olhou e continuou. – Tão linda, inteligente, simpática... – Riu e cheirou meu pescoço. – Cheirosa e... – Me olhou pensativo e me virou na cama, invertendo nossas posições e ficando por cima de mim. – E gostosa! – Ele falou baixo e apertou minha cocha.

- Seu bobo! – Beijei sua boca, enquanto ele sorria entre o beijo. – Você também é isso tudo e muito mais, nem por isso eu fico perguntando a Deus aonde eu fui amarrar meu bode, tá? Pode parando! – Me fingi de brava e ouvi sua gargalhada no meu ouvido.

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