Capítulo 96

(...)

Estávamos na véspera do natal, a caminho da chácara do Luan, onde era o costume passar o natal.

Naquele dia, parece que eu revivi minha infância, ajudei sua mãe e suas tias a fazerem a comida, enfeitei a casa e montei a árvore de natal com Bruna.

Não posso dizer que meus natais de antes eram tristes, eu tinha a Eloá e Eduarda e pra mim, aquilo já bastava. As vezes eu passava o natal com sua família, mas depois de uns anos, eu parei e resolvi ficar só com minha filha em casa mesmo, jantávamos, comíamos as coisas que eu comprava e Eloá também não deixava de passar na minha casa para me dar um abraço. Sempre me perguntava o por que de não ir mais para sua casa, mas eu me sentia um pouco intrusa lá, o natal é uma data tão familiar.

Eu ligava pros meus tios também e falava com eles, mas eram tão difícil eu ter que ir pra lá e eles quase impossível ir para minha casa. Já passamos sim natal juntos com muito sacrifício, mas não era todo ano, o que me deixava triste.

Eu estava com saudade daquele clima de natal em família e era exatamente assim com a família do Luan.

Á noite, nos arrumamos e descemos para onde alguns já estavam.

Esperamos dar meia noite e fizemos uma oração antes de comermos, como de costume na família dele e na minha também era assim.

Começaram a chegar vários amigos do Luan que ele tinha convidado, mas que não dormiriam ali.

Fui ao banheiro depois de cumprimentar alguns e quando voltei distraída, arrumando meu vestido, trombei em alguém.

- Me descul...

- Carolina?

- Eu...Te conheço de algum lugar? – Perguntei sem jeito ao rapaz que riu.

- Prazer, Vinícius, que estudou com você quase a vida toda. – Abri a boca, mas som nenhum saia, não estava acreditando.

Vinícius era um menino nerd que estudava comigo, ele usava óculos, tinha o cabelo lambido enorme e ainda usava aparelho, todo magro e sem jeito e o pior, sempre gostou de mim.

Minhas amigas que sempre me falavam, ele não tinha coragem nem de olhar nos meus olhos. Na adolescência lhe perguntei sobre isso e ele saiu correndo, deixando sua mochila e os livros que estavam em suas mãos, caírem todos no chão.

Me lembro de ficar rindo com as minhas amigas daquele menino engraçado.

- Vinícius? – Perguntei sem acreditar.

O rapaz era alto,forte, dos olhos azuis, um pouco mais escuros que os meus, do cabelo impecável.

- (risos) Tá surpresa, né? Eu mudei muito?

- Muito é pouco...Nossa.

- Você não mudou nada, continua linda. – Fiquei sem jeito e desviei meu olhar dele.

- O que faz aqui? – Tentei não ser grossa, mas acho que pareceu por ele ter feito careta.

- Eu vim com um amigo do Luan, estava passando natal na casa dele que me chamou.

- Ah...

- Meus pais faleceram á pouco tempo, me sentia sozinho.

- Nossa, sinto muito! Sei exatamente do que você tá falando.

- Você namora com o Luan, não é?

- É sim...

- Que sorte a dele! – Ele sorriu. Seus dentes estavam impecáveis. – Você teve uma filha com o Marcelo, não é?

- É sim...

- Eu fiquei sabendo, assim que me mudei. Fiquei arrasado!

- Você se mudou pra onde?

- Aqui pro Paraná.

- Ah... E por que ficou arrasado?

- Porque eu queria tá no lugar dele.

- Você tá me deixando sem jeito.

- (risos) Me desculpa, eu só to falando agora o que não tive coragem na adolescência. Você deve tá lembrando de mim como o menino que saiu correndo de você, não é?

- Pior que é! – Fiquei sem graça, mas ele riu e eu lhe acompanhei.

Senti uma mão na minha cintura e me virei para ver quem era.

- E ai, Luan, beleza? Tava doido pra te conhecer! – Vinícius cumprimentou Luan, que apertou sua mão.

- Que isso, cara.

- Pai, olha isso! – Eduarda chegou correndo com um carrinho de boneca.

- Que lindo, filha. Foi á vovó e o vovô que te deu, é?

- Foi sim! E mãe, o papai me deu uma cabana da Barbie. Vamos lá ver.

- É, vamos lá, amor! – Luan pegou na minha mão e eu me despedi sem jeito de Vinícius.

Enquanto minha filha entrava em sua cabana já montada, eu e Luan estávamos sentados no sofá.

- Você conhece ele?

- Conheço, estudou comigo.

- Ah ta!

- Por que?

- Por nada...

- Vai me dizer que ficou com ciúmes? – Ri.

- Não... – Ele negou com a cabeça e eu beijei demorado seu rosto.

- Como é bobo! – Voltamos para a mesa de comida, já que eu não tinha comido quase nada, e me empanturrei.

Todos os amigos de Luan se sentaram a mesa e começaram a beber e conversar. Eu via que de vez em quando, ele olhava para Vinícius disfarçadamente e eu nem imaginava o que se passava em sua cabeça, mas sempre que isso acontecia, eu pegava em sua mão e apertava, o fazendo me olhar e ver o sorriso que eu lhe dava. Eu não sei direito, mas seu rosto tinha uma expressão estranha, de insegurança, não só disso, não dava pra decifrar direito. Era diferente de todas as outras vezes que ele tinha sentido ciúmes.

Falei com Luan que estava com sede e entrei para a cozinha da casa, senti uma mão na minha cintura e eu pensei ser ele.

- Que susto! – Eu disse, assim que vi que era Vinícius.

- Me desculpa. – Ele sorriu, me encarando. Fiquei sem graça e ia sair dali, quando ele segurou meu braço. – Espera! Vamos ali comigo?

- Aonde? Pra quê?

- Calma, só quero te mostrar uma coisa que ficou na sala. – Ele disse e eu concordei.

Fui atrás dele e assim que chegamos até a sala, que não dava mais nem pra escutar o barulho que faziam do lado de fora, por ser mais afastada e não tinha ninguém ali.

Ele colocou suas mãos no meu pescoço e quando eu vi, já estava com os lábios colados nos meus, forçando um beijo.

Me soltei dele com força e lhe olhei indignada.

- Você tá doido? – Perguntei com raiva.

- Desculpa, mas era meu sonho. Eu não podia desperdiçar essa chance.

- Eu tenho namorado, seu doente.

- Eu sei, me desculpa, eu não quero prejudicar o namoro de vocês, eu juro! Mas...

- Mas nada! Não chega mais perto de mim. – Eu sai dali batendo o pé.

Voltei para perto do Luan e ele comentou comigo que eu estava estranha, mas eu disse que não era nada e tombei minha cabeça em seu ombro.

Não dava pra contar aquilo pra ele, certeza que ele surtaria, eu estava com medo.

As horas foram se passando, a maioria dos amigos de Luan tinham ido embora o alguns resolveram dormir ali, e um deles, era logo o que estava com Vinícius, que também dormiria ali.

Fomos colocar Eduarda no quarto, que já dormia e eu falei com Luan que ficaria por lá mesmo, por estar cansada.

- Eu também vou ficar, então.

- Amor, pode ficar lá em baixo.

- Não! Eu to cansadão também.

- Então tá. Vou pegar um copo de água lá em baixo, você quer?

- Quero sim. – Voltei para baixo, dessa vez sem quase nenhum barulho, só alguns tios de Luan que ainda conversavam, já era bem tarde.

Estava subindo as escadas onde ia para os quartos, quando dei de cara do Vinícius descendo. Minha vontade era de bater nele.

- Ei, tá com raiva de mim? – Ele segurou meu braço e eu o tirei de suas mãos bruscamente.

- O que você acha?

- Eu não fiz por mal, Carol, eu não sou esse tipo de gente. Eu agi por impulso e já me arrependi. Só que...Eu sempre fui apaixonado por você,  você era e é a mulher dos meus sonhos, eu sonhava te reencontrar até hoje. Eu gostei do beijo.

- É o que? – Levei um susto com a voz do Luan atrás de mim.

E aí? O que vocês acham que vai acontecer? Eles vão conversar e ficar tudo bem ou vão se separar? Comentem aqui pra mim? Tenho muitas surpresas pela frente!

Beijinhoos, espero que estajam gostando :*